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terça-feira, 16 de julho de 2013

Finais felizes (4)


Agora que te tenho, que seria de mim sem ti? Tornaste-te nas minhas manhãs, nas minhas tardes, nas minhas noites. Tens-me, tenho-te, temo-nos.
-Obrigado. – dizia-lhe ao ouvido, enquanto as minhas mãos percorriam as costas dela. Sentia-lhe a pele arrepiada. Há suores que ficam guardados nas narinas. Cheiros que se incrustam na memória. O teu cheiro é esse cheiro eterno que vive nas minhas almofadas, nos meus lençóis, nas minhas camisas – que teimas em usar todas as manhãs. O teu batom é o batom que me suja os colarinhos. Não suja, porque o que é bom e nos faz bem não suja. Os teus lábios despidos de mim são uma tentação à escala mundial. Percorro-te o corpo e digo-te
-Obrigado. – porque é bom ter-te e sentir que me tens. Porque é óptimo amar-te e sentir-me amado. Porque aquilo que fazemos - o amor que fazemos – é poesia entre os corpos. Sentir o teu sangue a palpitar nas veias, os teus gemidos de prazer, a sofreguidão dos teus beijos. Amar-te antes, durante e depois. Ser o porto seguro onde a tua cabeça se atraca. O meu coração é esse porto seguro. Fica um pouco mais e deixa o mundo acontecer, sem nós, lá fora. Conta-me todos os teus segredos. Ou deixa-me contar-te todos os meus segredos. Guarda-os. Guarda-me. Deixa-me guardar-te.
-És tu. És mesmo tu.
-Não sabes como é bom ouvir isso.
-Fica comigo só mais um pouco. Fica comigo e diz-me que sou tudo para ti.
-És tudo para mim. És o meu final feliz, porque eu sempre acreditei em finais felizes. És a peça certa. És o final da busca. És linda, mas não és apenas linda: és o todo. – dizer-te isto desarmado e esperar pelo teu sorriso. E um sorriso teu é resposta suficiente. A sinceridade do teu sorriso é tudo o que posso pedir. Há gestos que nos definem. Tiques que não nos deixam mentir. Não há bluff no brilho dos teus olhos. Não há enganos no teu sorriso.
-Sentes como eu sinto que cada momento que passamos juntos parece eterno?
-Não acredito na eternidade. Mas acredito que um segundo de amor pode parecer uma vida – ou vice-versa. - beijou-me e calou-me. Por vezes precisamos destes pontos finais que escrevemos com os lábios. Precisamos que alguém marque o ritmo da composição. Ela é o meu ritmo. Ouviste? És o meu ritmo.
Agora que te tenho, que seria de mim sem ti? Pergunto-me repetidamente enquanto olho as curvas dos teus seios despidos. Pergunto-me e tento responder, mas há perguntas que não têm resposta. Há coisas que não fazem qualquer sentido. Imaginar-me sem ti é roçar o absurdo.
-Parece que te olho sempre pela primeira vez.
-Ainda bem. Enquanto assim for, estamos no caminho certo.
Só queria que vissem o sorriso dela. Só queria que vissem a sinceridade do sorriso dela.

(...)

PedRodrigues

4 comentários:

  1. Absolutamente Fenomenal.
    Adoro os seus "pensamentos". Perco-me inteiramenre nas suas palavras. Revejo-me em cada virgula.
    Obrigado por nos presentear todos os dias. Obrigado por me fazer sorrir e chorar ao mesmo tempo. Não o conheço mas obrigado.

    Cláudia

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