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domingo, 15 de janeiro de 2017

Cartas ao meu avô


São três meses de ausência.
Às vezes penso que foste apenas fazer uma última viagem de barco, e que, eventualmente, acabarás por voltar para mim, para me apertares a mão com força, e me dares um daqueles abraços de esmagar as costelas. Antes das lágrimas caírem há sempre um sorriso, por imaginar que voltarás com mais histórias daquelas que repetias todos os dias à refeição, ou quando estávamos os dois sozinhos na sala, a ver televisão. Não sei onde estás, porque não têm chegado cartas, mas acredito que seja um sítio muito longe e elas se tenham perdido pelo caminho. Acredito que não te tenhas esquecido de mim, porque os melhores amigos não se esquecem uns dos outros. O amor é um bem imaterial, que não segue as leis da física, e portanto não há espaço, nem tempo que nos desligue um do outro. Assim sendo, eu aguardo o teu regresso com saudade, repetindo-te nas palavras que vou escrevendo para o mundo. E guardando em mim todos os anos em que fomos felizes a ouvir as aventuras um do outro.

Com amor,


O teu pombo.

1 comentário:

  1. ...a fazer minhas, tuas doces palavras... (três meses sem meu irmão também)e sei que ele é aquela estrelinha a brilhar mais forte no céu...mas por vezes acho que ele vai entrar a qualquer momento pela porta da sala, a me chamar...

    Maria

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