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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O último poema, do último tempo

dada a possibilidade 
dou por mim constantemente a escolher
os artigos defeituosos, as almas perdidas,
as pessoas destroçadas por dentro
por isto ou aquilo
tenho uma aptidão para a desgraça
e acho isso bonito
pelo menos por momentos
até o sangue me subir
a duzentas rotações 
por minuto à cabeça
e tudo se turvar
e o presente se 
tornar demasiado doloroso
para ser vivido de olhos abertos
mas 
a beleza desse mundo
partido como o espelho
por uma marreta
traz-me sempre de volta

dada a possibilidade
escolho os cacos
os destroços
as ruínas
e tento juntar tudo
como uma bela confusão
ou uma forma de arte




Pedro Rodrigues

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