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quarta-feira, 20 de maio de 2015

Croniquinha de um dia de sol


Mudei as roupas porque o Verão estava a chegar. O Inverno tinha passado. Aparentemente, tudo passa. Larguei os casacos e os cachecóis que me protegiam do frio quando não estavas; arrumei as mantas que nos aqueciam nas noites de cinema partilhadas. Preparei-me para o sol e o calor de outros dias – com outras que cores que não eram as tuas. Não há Inverno que dure para sempre. Nem dores que um dia não deixem de doer. Resolvi, então, vestir-me de acordo com o tempo que se fazia sentir lá fora. Preparei-me para as noites amenas de luares exóticos; os céus vestidos de azuis joviais; os mares pintados de fogo ao final do dia; os pés na areia, o corpo no mar... Meti na cara o meu melhor sorriso. Reencontrei o meu melhor olhar – aquele que um dia disseste desarmar-te, e que julgava ter perdido para sempre. Levantei a cabeça e caminhei. Caminhei. Às vezes só é preciso um dia de sol, para percebermos que o cinzento da vida é passageiro.

 

PedRodrigues

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