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terça-feira, 29 de julho de 2014

Vinte e quatro horas na esperança de ti


O sabor a menta fresca do teu beijo ainda me consome. Lá fora o sol brilha. Olho as pessoas na rua, pela janela. Às vezes passam casais de mãos dadas. Lembro-me de ti. Recordo-te a sorrires para mim. A dizeres-me aquelas coisas bonitas que eu adorava ouvir. Lembro-me de ti. Uma lágrima. Esses dias parecem-me tão distantes. Onde estás? Olho para o telemóvel. Nada. Nem uma mensagem, nem uma chamada perdida. Abro o computador. Procuro as tuas fotos. As nossas fotos. Outra lágrima. Sabes como era feliz? Muito feliz. Demasiado feliz, até. Talvez por isso me tenha dado ao luxo de errar. Perdi-me no meio de tanta felicidade. Acabei por me distrair. Perdoa-me. Por favor, perdoa-me. Fui uma parva. Sou uma parva. Mas amo-te. Foste, és e continuarás a ser a melhor parte da minha vida. Passámos por tanto. Sempre foste o meu companheiro neste campo de batalha. Sempre estiveste ao meu lado nos dias menos bons. Sempre tiveste um abraço guardado para mim quando tudo o que precisava era isso mesmo. Era no teu sorriso que me perdia. Hoje estou perdida à procura desse sorriso. Sinto-me à deriva. Amo-te, juro que te amo. Sei que te deve custar acreditar nisto, mas amo-te. Lá fora o sol brilha, cá dentro eu vou-me eclipsando. As nossas fotografias são o que me resta. Isso e os cenários que vou reconstruindo com a minha memória. Mas isso não me chega. Nada disso me chega. Um dia tive tudo. Hoje não tenho nada. Percebes?
Começa a cair a noite. Tenho novamente a idade que tinha quando te conheci. Tenho novamente a idade do nosso primeiro beijo. Lembras-te? Desde esse momento até agora o mundo deu algumas voltas. Sentiste o mundo a girar sobre nós? Ainda sinto o teu perfume nas minhas roupas – ou imagino o teu perfume nas minhas roupas. O sabor a menta fresca do teu beijo ainda me consome. As lágrimas foram inventadas para serem choradas, disseram-me uma vez. Então eu choro-as todas por ti. Choro um mar. Invento ondas. Invento cores quentes e cores frias. Reinvento o mundo, as palavras, os desejos, as crenças, os ideais. Reinvento tudo, se for preciso. Reinvento tudo para te ter novamente comigo.
Acabei de me deitar. Há um vazio ao meu lado com os contornos do teu corpo. Meti duas almofadas na cama para o caso de apareceres sem avisar. Não, não é um delírio. É uma mensagem de esperança. Espero que apareças e me digas que me amas, baixinho. Sussurra para que mais ninguém oiça. Só eu e tu: parceiros de crimes de cabeceira, amantes condenados a um amor quase épico. Só eu e tu. Volta para mim.
Os meus dias são assim: vinte e quatro horas de ti. Vinte e quatro horas na esperança de ti. Já te disse, mas repito: perdoa-me. Errei, eu sei. É difícil – acredita, eu sei. Mas ninguém nos disse que as relações são fáceis. Ninguém nos disse que a vida é bela como no cinema. Não haveria a bonança sem a tempestade. Nem a alegria sem a tristeza. Esta é a minha mensagem de esperança. O sabor a menta fresca do teu beijo ainda se passeia pela minha boca. Volta. Diz que me amas. Vamos começar tudo de novo. O mundo é nosso. Não desistas de mim. Eu nunca desistirei de ti.

 
PedRodrigues

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