Devagar percebi que nem sempre
um sorriso significa que estejamos felizes. Nem sempre uma mão nas costas
significa alento. Nem sempre um beijo é sinal de amor. Devagar percebi que as
pessoas são possuidoras de uma capacidade impressionante para o disfarce. Que o
ser humano é cruel sem razão aparente e dono de um sadismo sem igual. Devagar a
vida ensinou-me a prestar atenção ao que me rodeia; a separar o trigo do joio.
Nem todos os que te estendem a mão te querem ajudar a levantar. Nem todos os
que te gabam na cara, te defendem nas costas. É preciso saber distinguir quem
te quer realmente bem, quem te procura na bonança e não te despreza na
tempestade. Os teus sucessos nem sempre serão festejados por todos. Haverá
sempre quem se roerá por dentro, à espera que tropeces na primeira
oportunidade. Não lhes ligues. O caminho é feito por quem o caminha, e todos
podemos tropeçar: faz parte da nossa natureza, da nossa fragilidade. O que
distingue os vencedores dos vencidos é a capacidade de perseverança. Esta é
uma lição importante. De tanto esfolar os joelhos aprendi a cair. E em cada
queda percebi que havia a possibilidade de me levantar, mais e melhor. Talvez
isto soe a filosofia barata, ou a um discurso de algibeira desses profetas do
culto do eu, mas a verdade é esta, por mais quadros que pintem em volta dela.
Aprendi com o tempo a prestar atenção aos cheiros da humidade do cair da noite,
às cores apaixonantes de um nascer do sol. A vida ensinou-me a estar atento, a
ter cuidado. Fazer parte de algo, não quer dizer ser consumido por algo. Não
nos deixemos enganar. Se dentro de nós fizer sul, não nos percamos noutros
nortes.
PedRodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário