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quinta-feira, 25 de maio de 2017

Lisboa

A cidade, como uma mulher, veste-se lindíssima com todas as cores. Nada nela parece não pertencer. Como uma mulher mantém-se inabalável, inatingível, mesmo que o tempo, mesmo que depois o tempo; e puxa-me, e absorve-me, e mistura-se nos meus olhos, com a luz do sol e o pó das calçadas. A cidade, como uma mulher, puxa-me para o seu centro, para o seu ponto de equilíbrio, e pede-me que não a deixe cair, que não a deixe perder - sou eu que me perco em todas as tuas ruas, não entendes? Como uma mulher ela pede-me que a abrace e que acabe com todos os limites, todas as nossas fronteiras. Pede-me que a conquiste, mas que não destrua todas as suas arestas. Como uma mulher, a cidade deve ser amada e respeitada. E por dentro dela tudo parece demasiado selvagem para ser apenas meu. Por isso passeio no seu corpo com cautela, esperando que ela nunca se esqueça de mim.


PedRodrigues

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