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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Like a rolling stone

Às vezes até tens piada, dizias-me, num sorriso, - talvez o sorriso mais bonito que havia visto até ali - e é assim, acredita, que as coisas começam. De repente, a minha piada e o teu sorriso tornam-se em pilares para algo que vamos erguendo ao longo do tempo e, quando damos por isso, tudo à nossa volta é barulho e nós olhamo-nos em silêncio. Os teus olhos brilham e brilham e brilham como se guardasses toda a luz de todas as estrelas nesse céu de verão. E de repente perdemos noção do tempo, o Agosto já é Setembro, e nós deslizamos pelos meses, de mãos dadas, como miúdos inocentes que não sabem nada a não ser aproveitar os dias. Toda tu és a menina que um dia foste e nunca deixaste de ser (é uma das coisas que mais gosto em ti). Quando te falo ao ouvido e te peço um minuto de atenção para dizer o quanto aprendi a ler no teu corpo, tu respondes Estúpido, porque te sentes envergonhada, e não sabes como reagir. O teu corpo é todo um código de trejeitos que me desafiam todos os dias e por vezes me deixam assim, com vontade de te guardar em palavras. Mas as palavras são poucas para escrever toda a poesia dos teus movimentos, todas histórias que o vento levanta nos teus cabelos. Não sei como ousas guardar em ti tantos universos (eu nunca quis ser astronauta, até te conhecer). E, com o tempo, tornaste-te na trave mestra da casa que construí. Talvez, sem ti, tudo à minha volta desabe. Porque o desamor é mesmo assim: uma bola de demolição a caminho do nosso corpo. Mas não quero pensar nisso agora. Agora a casa está erguida. As paredes estão decoradas de memórias bonitas. As janelas deixam os feixes dourados da primeira luz do dia entrarem até ao teu corpo. Toda tu és minha. Todo eu sou teu. O amor começa assim: num sorriso, num olhar, numa piada. E vai crescendo, ao longo do tempo, como uma bola de neve a rolar montanha abaixo, esperando, no entanto, nunca se despenhar. 

Às vezes invento ter piada, 
só para te ver sorrir, meu amor. 



PedRodrigues 

1 comentário:

  1. Belíssimo texto. Sempre são encantadores os primeiros raios da aurora - hora pura em que os anjos bocejam para nos acordar e sentir o dia e a vida com mais alegria e amor. Parabéns, amigo! Grande abraço. Laerte.

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