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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

2018

Quis arranjar uma forma de medir o meu ano. De o tratar como uma grandeza mensurável, de forma precisa, sem os habituais substantivos e adjectivos abstractos com que todos analisam o tempo que passou. 
Comecei por pegar nos livros que li este ano, a esses retirei os que reli, e fiquei com um número exacto de trinta e quatro livros: cerca de um livro novo lido a cada dez dias. A este número, juntando o que reli, passaria dos cinquenta livros lidos em 2018.
Depois fiz uma contagem de textos escritos neste ano. Esta foi a tarefa mais difícil, porque tenho textos espalhados por todo o lado - a minha desorganização interior ganha uma forma mundana na escrita. Em textos soltos contei mais de cento e cinquenta ficheiros no computador e telemóvel. Em livros escritos na totalidade, entre romances, novelas e outros géneros: quatro - um dos números com maior probabilidade de saída no Euromilhões. 
Em termos de batimentos cardíacos - e esta, é a parte mais interessante de todo este texto - pegando na estatística correspondente a um adulto saudável na casa dos trinta (60 bpm) e fazendo as contas, o meu coração, entre sístoles e diástoles, bateu 3153600 vezes. Neste número não contei com as oscilações correspondentes aos beijos, sorrisos, toques e palavras de B., que contribuíram para momentos de taquicardia e que aumentaram, largamente, este valor. 
Não sou de pedidos ou promessas para os anos vindouros. O tempo, esse, encarrega-se do seu trabalho de abrir as portas. A nós cabe escolher quais atravessar.


Pedro Rodrigues

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