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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Eu não largo a tua mão, B.

Foi ela que me disse, ainda antes do nosso primeiro encontro: és muito persistente, não és? Eu sorri para o ecrã do telemóvel, enquanto pensava para mim: não sabes o quanto - acho que acabei por lho dizer, ou que sou extremamente teimoso; adiante. Uma frase, no entanto, ficou em loop, repetindo-se de forma incansável dentro da minha cabeça: “take the thing you love and make it your life.” Nessa altura ainda não a conhecia. Não sabia o que seria de nós. Mas o tempo encarregou-se de nos levar com ele e, quando dei por mim, os meus medos e os dela passeavam de mãos dadas pelo Chiado, com as luzes de Natal, como estrelas poisadas sobre todas as coisas, a iluminarem o rosto dela. Nesse momento dei por mim novamente a pensar naquela frase e de novo as minhas mãos tiveram vontade de apertar as dela. Novamente tive vontade de lhe dizer: eu também tenho medos; eu também tenho monstros que me atormentam à noite; mas quero matar os monstros contigo, ou dançar contigo entre eles. O medo é o espaço entre o limite do chão e o início do vazio. O medo: “- What if I fall?/ - What if you fly?”
Penso que é assim que as histórias de amor começam: tímidas; a medo. É a vertigem, antes do salto. 
Saltamos juntos. 
Eu não largo a tua mão. 
Palavra de honra que eu não largo a tua mão. 



Pedro Rodrigues

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