não sei por onde começar
a não ser pelo início
e seguir, descendo rua abaixo
com o coração na mão
enquanto tu me ligas
ainda demoras? não gosto de esperar
o músculo cardíaco:
pericárdio que envolve tudo a que
se convencionou chamar amor
os teus lábios
vermelho mais azul
o tom concêntrico
da mudança
ou da bonança
talvez
os teus olhos
que navegaram desde a Pérsia
guerreando com o tempo
até chegar aos meus olhos
nas esquinas pedem esmola
eu peço um lugar para depositar
o meu coração
uma casa, com paredes pintadas de recordações
uma casa, um abrigo, um abraço que dure mais um pouco
(só mais um pouco)
é assim que as histórias começam, não é?
pelo início
até se desenrolarem e avançarem como barcos
ao longo do mar
se quiseres, naufragamos juntos
Pedro Rodrigues
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