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domingo, 1 de maio de 2011

Madrecita

Obrigado.
Deste-me ao mundo: parte de ti. É a tua metade que guardo comigo. Amo o pai, como te amo a ti, mas tu sempre deste o teu sangue, a tua alma e um pouco do teu corpo por mim.
Nos anos que me faltam com o pai, tu preencheste o vazio. Sempre foste o encarregado de educação. Amo o pai, como te amo a ti. Mas se for possível - se me permitirem - amo-te um bocadinho mais. Desculpa pai, tu sabes que é verdade. Ela sempre esteve cá. Em todos os momentos: ela sofreu, e escondeu-te o sofrimento. A léguas marítimas: ela viu-me a sofrer por um pouco de ar nos mares da Espanha. Ela esteve comigo, de mão dada, no hospital em Lisboa. Ela sempre esteve lá: nos bons e nos maus momentos. Desculpa pai, mas mãe é mãe.
Amo-te mãe. Hoje não é o teu dia. Hoje o meu amor não é maior que ontem. Hoje continuas linda. Hoje continuas mulher: o protótipo perfeito. Hoje sofres por mim, como ontem sofreste, e como hás-de continuar a sofrer. Não te quero a sofrer mãe. Mereces o melhor. Mereces rosas. Mereces beijos. Mereces o melhor que eu posso ser. Desculpa se não nasci perfeito. A pouca perfeição que tenho, herdei dos teus genes. Desculpa se te magoo: em pensamentos, actos e omissões. Desculpa não ser tão belo como devia ser. Obrigado por ocultares os meus erros e os meus defeitos. Obrigado por me lembrares que eu sou o melhor – mesmo quando sei que valho pouco mais que nada.
És tão linda mãe. Adoro cada ruga. Cada traço que muda com o tempo, mas que te faz continuar igual. Tão bela. Cada gesto que fazes com a boca quando o vento não sopra a favor. Cada grito que mandas para o ar:
“Pedro Miguel”
Que eu apanho: não com as mãos, mas com o estômago. Quando tremo só de pensar que estás chateada comigo. Detesto quando te vejo chateada. Não mereces mãe. Esse sorriso devia brilhar sempre. Gosto tanto dele mãe.
Desculpa se hoje não te ofereço rosas, ou outro bem material. Desculpa se só te posso dar palavras. Só posso dizer que te amo, que te adoro, que te venero. Hoje não é o teu dia. Hoje não é um dia especial. Hoje não te amo mais. Não te consigo amar mais. Os dias são iguais, desde que saiba que estás comigo: em pensamento, em rezas, em actos, em corpo, em alma… Hoje és o protótipo da mulher perfeita. Desculpa não te dizer todos os dias o que te vou dizer hoje – hoje o dia não é especial. Todos os dias são especiais contigo.
“Amo-te mãe”

PedRodrigues

1 comentário:

  1. Concordo contigo,Pedro.
    Todos os dias das nossas vidas são os dias das nossas mães, as mulheres especiais que nos deram a vida e por nós seriam capazes de dar as delas...
    Um belo texto! Uma dedicatória sublime!

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