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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

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Procuro:

alguém com quem construir um passado; alguém com quem possa decorar as paredes de uma casa com memórias; alguém com quem ficar: mesmo que o estuque caia, que os pilares e as lajes abanem, que o tempo se instale como as manchas de humidade; alguém com quem cartografar novos mapas: novas formas de me perder; alguém com quem partilhar o cheiro das primeiras chuvas de inverno; alguém com quem falar sobre o desabrochar das primeiras flores da primavera; alguém com quem adivinhar a vida das ondas; alguém com quem engomar as pregas dos lábios com beijos; alguém com quem discutir os temas mais banais, recauchutar os discursos mais eruditos; alguém com quem desabafar o medo da vertigem; alguém a quem dar a mão, antes de saltar para o incerto; alguém assim: impossível de cingir aos limites de um texto.


PedRodrigues 


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