[ao Pedro de amanhã, para que não cometa os mesmos erros do Pedro de hoje]
Quando a vires pela primeira
vez não vais saber se é com ela que vais ficar. Ninguém traz as instruções
agarradas ao pescoço; não há um sinal verde que te diga que deves avançar; não
há uma força gravitacional a puxar-te para ela. Não. Talvez o teu olhar se
cruze com o dela. Quem sabe haja um sorriso. Umas palavras mais tímidas que
acabem por se transformar numa longa conversa. Talvez essa conversa venha a
durar dias, duas ou três idas ao café, um passeio pelas ruas da cidade.
Continuarás sem saber se é com ela que vais ficar. Ela também não saberá se és a
pessoa certa. Eventualmente começas a descobrir todas as fissuras e
imperfeições nas paredes dela. Ela descobrirá que há estuque caído nos teus
corredores. Mas que importa isso? Eventualmente, vão acabando por ficar, a
morar um no outro, sem medo que o tecto desabe. Talvez pendurem alguns quadros,
pintem algumas paredes, disfarcem uma outra fenda mais feia. Todos procuramos
alguém onde possamos morar: um coração que seja casa. Claro que nunca saberás
se será ela a tua última morada. Na cabeça dela a questão será permanente: “é
desta que mudo o meu código postal?”. Não há como o saber. Vamos ficando,
trabalhando, todos os dias, de forma a que a casa não caia, mesmo durante as
tempestades. Tudo precisa de manutenção, até o amor. Então o melhor será não
baixares os braços, não te calares em longos silêncios, não te esconderes num
canto. Não vais saber se é com ela que vais ficar, mas deves-lhe a tua dedicação.
Se lhe abriste a porta, para entrar, não a deixes partir.
PedRodrigues
E que o Pedro de hoje e de amanhã tenha o discernimento de saber onde de[morar]. Como escreveu Frida:
ResponderEliminar"Onde não puderes amar, não te demores."
Os erros são aprendizagens. Não te culpes. Só sai da nossa vida quem não merece ficar.
Bj
Gosto. ;)
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