Hei-de ter sempre para ti um
lugar entre o pó acumulado ao longo do tempo. Não encaremos esta frase com
desprezo, ou outro motivo menor. Hei-de ter para ti um lugar que ficará vazio
por dentro, à tua espera; algum amor deixado nas linhas estruturantes de uma
cicatriz. Recordar-te-ei como um Outubro em que o sol venceu as chuvas de
outono. E com o cair das folhas recordarei, também, as tuas lágrimas, lentas, a
fazerem-me pensar “será que é mesmo o fim?”. Nenhum ano acaba em Outubro,
nenhuma árvore morre pela queda das folhas no outono. Acredito, portanto, na
vinda de uma nova primavera, com as tuas cores e o desenho dos teus olhos a luzirem
como duas estrelas no céu limpo de uma noite de verão. E nem todas as palavras
que escreva, hoje, amanhã, ou depois, te trarão de volta a este lugar – nem farão
justiça ao quanto te amei e guardei, com medo de ficar vulnerável. O adeus tem
a frieza do aço a escrever por dentro do peito a saudade. Ainda dói ter-te
longe (ou não ter-te, afinal). Como a vida muda. Como tudo vira pó: até o amor.
Hei-de ter sempre para ti um lugar. Este lugar.
PedRodrigues
Outubro sempre está a deixar marcas...
ResponderEliminarMaria
Sad but true...
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