Nunca te perguntei o nome das
árvores. Passávamos por elas, todos os dias, e nunca tive vontade de o fazer. Não
sei, julguei que aquela sombra seria uma certeza que viveria comigo para
sempre, e então achei não ser necessário saber que nome lhe dar. Eram as
árvores. As árvores onde todos os dias passávamos e, por vezes, víamos as
folhas caídas, um ou outro pássaro a cantar melodias primaveris. Eram as
árvores onde me encostava. Onde, um dia, dei o meu primeiro beijo. Eram.
- Lembras-te?
Foste embora e nunca te
perguntei o nome. Agora cortaram-nas e não tenho como as explicar às outras
pessoas, porque as árvores são todas iguais: com raízes e troncos e ramos e
folhas. A certeza deixou de o ser e não há como a trazer de volta em conversa
sem que seja apenas uma memória enevoada à qual ninguém consegue dar forma.
Cairão no esquecimento? Talvez. Porque ninguém a quem conte a história da
beleza do meu primeiro beijo conseguirá saber com que linhas se guiar. E as
árvores acabarão por cair no esquecimento: uma a uma, como cada um de nós.
Precisava que me dissesses o nome das árvores
- Lembras-te?
Aproveitemos, enquanto há
tempo.
PedRodrigues
"Sim meu caro...este é sem dúvida, um dos teus mais belos textos...
ResponderEliminar(...)e cá,dentro dos meus pensamentos,penso que não, as árvores não são todas iguais...e ela, somente ela poderá junto de ti, estar a recordar o primeiro beijo e o nome das árvores."
Maria Jardim