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segunda-feira, 11 de julho de 2016

Campeões

Estamos a dez de Julho. Um mês depois do dia de Portugal, voltamos a ter motivos para festejar. Hoje, por razões diferentes, é um dia importante para o nosso país. Pode parecer ridículo dizer isto, mas é verdade: hoje voltamos a festejar o dia de Portugal. Vivemos numa geração demasiado desapegada à história; uma geração do mediatismo e do imediatismo, em que todos parecem querer aparecer hoje, agora, e viver tudo de uma vez. Compreende-se que assim seja: com o mudar dos tempos, mudam-se as vontades. Mas não esqueçamos de quem somos e de onde viemos. Muitos referem-se a nós como um anexo de Espanha, como um povo de gente pequena, um povo de pedreiros e mulheres-a-dias, um povo de labregos que não têm onde cair mortos. Mas eu não me esqueço das aulas de história que tive na escola, e não me lembro de ter sido a França a descobrir o caminho marítimo para a Índia, ou a Inglaterra a descobrir o Brasil. Tenho orgulho em ser de um país, de um povo que, apesar de se ter deixado reprimir pelo tempo, descobriu o mundo e criou os mapas que todos conhecemos. Tenho orgulho de ser de um país que expulsou Espanhóis, repeliu Franceses e se tornou num pequeno país independente e temido por muitos. Os anos passaram e fomos caindo na desgraça do esquecimento geral, fomos perdendo importância. Hoje somos a cauda da Europa e estamos a ser assolados com novas afrontas: sanções económicas, ataques a uma nação pequena em bicos dos pés, talvez com o intuito de a derrubar. Mas hoje, dia dez de Julho, um jogo de futebol mostrou ao mundo que somos mais que esse tal anexo de Espanha, ou o país do Cristiano Ronaldo, ou da senhora que limpa a casa, ou do taxista baixo, de bigode. Pode parecer estúpido, repito, mas este jogo veio calar muitas bocas, veio relembrar muita gente que Portugal é um país de gente aguerrida, que não se deixa cair. Hoje, um herói improvável, - como muitos heróis, em muitos momentos improváveis da nossa história enquanto país - mostrou ao mundo a força de uma nação. Não estamos por cá para ser o cu da Europa, nem o anexo de ninguém. Estamos de pedra e cal, venha quem vier. Por mais que nos tentem enterrar, por mais que nos tentem diminuir, por mais que dos tentem desrespeitar. Lembrem-se, tal como o autor do golo de hoje, o Éder(zito), nos lembrou: até a estrela mais pequena brilha na noite escura. 



PedRodrigues

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