O mundo, como o conhecemos, parece estar a mudar. Faz-me lembrar a velha história da Arca de Noé, que nos contavam na catequese, em que um grande dilúvio varria a terra, levando à sua repopulação. Dizem os radicalistas que, por vezes, de tempos a tempos, a humanidade precisa de um novo começo. Ao encontro destas teorias bíblicas vai o mundo de hoje. Tudo parece estar a mudar. Assistimos, diariamente, a matanças desenfreadas. Ninguém é poupado: nem homens, nem mulheres, nem crianças, nem velhos. O medo vai-se instalando de mansinho, por mais que se apregoem motes como “não nos renderemos”, “não nos esconderemos”, “não teremos medo”. No fundo, todos tememos o que se está a passar e olhamos por cima do ombro, amedrontados, procurando suspeitos. No meio da carnificina, alguém há-de ser o carrasco. Muitos apontam os inocentes - porque não podemos ser todos inocentes - e discriminam pela raça, ou religião. Quem os pode culpar? O medo tem destas coisas e, quem o promove, sabe o que está a fazer. É a velha máxima: “dividir para conquistar”.
Os atentados de ontem, em Nice, só vêm dar mais força a essa ideia de mudança feita de sangue. Por muito que culpemos o movimento cobarde de uma organização criminosa, não creio que a cabeça do dragão se corte por aí. É um erro acharmos que, por se enviarem tropas para o terreno e se bombardear uma região, os atentados irão acabar. Não. Há, claramente, uma entidade superior a tudo isto que tomou conta do mundo sem que déssemos conta. Alguém que, entre os homens, brinca de Deus. Estes atentados são estilhaços de uma bomba que rebentou silenciosa e que, mais cedo ou mais tarde, irá mudar tudo o que conhecemos. Cuidado, há ventos de mudança - e não creio que nos levem a bom porto.
PedRodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário