Há seis meses que estamos juntos.
Seis meses que contados em dias, em horas, em minutos, em segundos parecem uma
eternidade. Olhamos para trás e tudo parece tão distante: o primeiro olhar, o primeiro
beijo, o primeiro sorriso, o primeiro toque. Tudo isso se multiplicou. Repetimos
mil vezes os mesmos gestos. Mil e uma, mil e duas, mil e três: não nos cansamos
de os repetir. E isso é tão bom.
Trago-te nos meus dias, assim
como tu me trazes nos teus. Trago-te porque me fazes bem. Porque, neste
momento, por mais que quisesse imaginar-me sem ti, não conseguiria. Os dias que
passo contigo, são dias de felicidade. Ver-te sorrir faz-me bem. Às vezes – e
isto tu não sabes – invento textos enquanto olho para ti. Invento-os e
guardo-os para mim. É um acto egoísta da minha parte, mas não gosto de te
partilhar. Sei que, ao leres isto, vais achar que esta é uma daquelas
liberdades que às vezes tomo nos textos, mas não é. Na minha cabeça escrevo
histórias paralelas à nossa história. Depois sorrio baixinho, por dentro, para
que ninguém saiba, nem mesmo tu, que nos estou a escrever de mãos dadas ao
longo do tempo.
Agora que estou aqui sozinho a
escrever sobre nós, a saudade resolveu aparecer. Olhei para o teu lado da cama
e lembrei-me que ainda ontem acordaste junto a mim. Sorri. Foi um sorriso de
saudade. Como se te conseguisse materializar aqui, encostada ao meu peito. Não
consigo. Mas posso pensar em ti. E isso reconforta-me e deixa-me feliz. Porque
sei que, desse lado, ao leres este texto, também estás a pensar em mim. Não
estás, meu amor?