Não sei quem és. Não sei onde estás. Não sei nada sobre ti.
Talvez já te tenha visto por aí. Talvez tenha esbarrado contra ti numa esquina
qualquer. Talvez tenhamos partilhado olhares, ou até mesmo um ou outro sorriso.
Não sei se já falei contigo, ou se virei a falar contigo brevemente. Quem me
garante que nunca te toquei? Quem me garante que nunca olhaste para mim
secretamente? Às vezes gostava de poder rever a minha vida. Sinto sempre que me
escapou alguma coisa. Vivemos tão depressa. O tempo foge-nos pelos dedos. O
mundo aparece e desaparece à nossa volta e não damos conta. Às vezes gostava de
parar o tempo. Às vezes sonho que o tempo pára e eu te encontro. Onde estás?
Quem és? Quando vens?
Sabes, sou um poço de confusões. Sou profundamente
defeituoso. Consigo ser uma catástrofe humana, um parque de diversões psicótico
e toda uma panóplia de coisas estranhas que tu talvez não consigas imaginar.
Como todos os homens, sou péssimo quando adoeço. Entro em prantos desmedidos
quando as gripes me batem à porta e sonho com apendicites agudas quando me dói
a barriga. Tenho a mania de falar enquanto durmo, mas felizmente não ressono.
Não ligues se às vezes parecer ausente: estou apenas a escutar a vida que me
rodeia e as vozes que não se calam na minha cabeça. Detesto que me interrompam
enquanto escrevo, mas para ti abrirei uma excepção. Não sei se sabes isto sobre
mim, mas adoro escrever sobre aqueles que amo. Um dia, se estiveres disposta,
escreverei para ti. Escreverei sobre o nosso amor e aquilo que poderá ser o nosso
amor. Nunca censures os meus sentimentos. Gosto de amar com as tripas de fora –
aliás, quem ama, ama com as tripas de fora. Gosto de me deixar no papel: em
cada letra, em cada vírgula, em cada ponto. Se me permitires, escrevo-te de
mãos dadas comigo em todos esses textos. Não te prometo os grandes gestos
utópicos dos filmes de Domingo à tarde. Prometo-te os pequenos gestos. Aqueles
simples, mas reais e honestos: puxar a cadeira para te sentares, olhar-te
sempre com ternura, fazer-te sorrir quando o mundo pede que chores, beijar-te
ao adormecer e beijar-te ao acordar. Prometo-te tudo o que posso prometer. E no
entretanto entre essa promessa e a realidade, prometo ficar a ver-te crescer em
mim, enquanto eu me vou incrustando em ti.
Vou ser sincero contigo: hoje o meu coração está feito em
pedaços. Se realmente estiveres disposta a embarcar nesta viagem comigo terás
de colar todos os bocadinhos. Não será fácil. Acredita em mim quando te digo:
não será fácil. Conheço demasiado bem o meu coração. No entanto, se realmente
fores digna, se realmente fores a metade certa, não desistirás de o fazer. Há
uma coisa que sempre disse: o amor não foi feito para aqueles que desistem.
Aliás, o amor é um sentimento que gera uma sensação de eternidade. E nessa
eternidade o mundo pode parecer-nos estranho, mas nós estaremos sempre certos
um para o outro.
Quem és?
Onde estás?
Quando vens?
Ainda não te conheço, mas já te escrevo.
Pedro
Acabei de levar uma chapada psicológica. Muito bom, mesmo. Que ela seja, que ela esteja, que ela vá e demore muito tempo a juntar essas peças. Os puzzles só têm piada quando levam tempo a ser construídos. Porque o bom das viagens não é a partida nem a chegada, mas o percurso, a aventura, a desventura. Muito bom, mesmo. Um beijo, M.
ResponderEliminarGrande Pedro és GRANDE! Depois de ler isto até perco a vontade de tentar escrever as minhas ingénuas e repentinas poesias! Muito bom, continua assim... abraço.
ResponderEliminarParabéns pelo texto!
ResponderEliminarLindo :) Adorei
ResponderEliminarA resposta que me vem à mente é um texto meu. Mas isso pareceria abusador.
ResponderEliminarSou abusadora http://thinking1000fps.tumblr.com/post/30470065792/sei-tao-bem
Que alma apaixonante...
ResponderEliminarNo seguimento de uma partilha no facebook encontrei este blog que pelos vistos todas as almas que vão passando por Coimbra já o descobriram em certa altura. A verdade é que começamos a ler e depois já não queremos outra coisa (sim, mesmo quando devíamos estar a fazer trabalhos e preparar avaliações!) e, como boa estudante de Coimbra que sou, não podia deixar de aqui deixar a minha sincera admiração.
ResponderEliminarEncontrei aqui um verdadeiro talento. Uma escrita verdadeira, sem medos e contornos. Uma escrita cativante até ao último ponto final. E por trás da escrita... Que escritor! Sem rodeios e floreados nesses sentimentos que te preenchem! O amor tem que ser expresso aos sete ventos e sete mares sem vergonha de tirar "as tripas para fora"! Se alguma vez encontrei pessoa assim foi nos romances na minha prateleira. Pode ser que um dia o teu nome esteja na lista de autores da minha estante :) Até lá que escrevas muito, que nunca percas o gosto e que encontres esse alguém especial para te inspirar pela vida fora :)
Maria
uauuuuu
ResponderEliminar"Prometo-te os pequenos gestos." morri com isto. mesmo que seja a frase mais simples, foi a que mais me petrificou. e quanto a ela, a quem já escreves mesmo sem ela ter vindo ainda, virá... quando tiver que vir. as coisas, e principalmente as que são como essa, as que extravasam as veias e o coração, as que ultrapassam aquilo que se pode dizer, e até sentir, acontecem quando têm que acontecer. a seu tempo. sem escolher, sem esperar, sem procurar. acontece, simples. num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. quando tiver de ser, será. parabéns, mais uma vez, pela forma como consegues passar para a escrita aquilo que sentes. e o teu coração.
ResponderEliminarSem palavras, mesmo! Um dos melhores textos que li. Enquanto lia o texto, parecia que me ia identificando com algumas das suas partes. Sortuda essa futura namorada, por ter um texto destes à sua espera ;) Continua!
ResponderEliminarDepois de ler só me ocorre: posso candidatar-me? hehe Sofia
ResponderEliminarFoi a cada palavra da tua escrita que se desenrolaram memórias, acontecimentos, sucessões de momentos! Só algo tão profundo o conseguiria fazer! Os meus parabéns, sem dúvida que este texto toca no sentimento de cada um!
ResponderEliminarE a mim leitor cabe agradecer pelas palavras! Parabéns, excelente criação!
Extremamente profundo. Parabéns
ResponderEliminarExtremamente profundo. Parabéns
ResponderEliminarDevo dizer que descobri recentemente os teus textos e acho-os absolutamente fascinantes! O que vou dizer pode parecer cliché mas, tudo tem um tempo...
ResponderEliminarEu até me inscrevia mas tenho a certeza que a resposta seria uma coisa do género: "Rejeitada, demasiadas semelhanças com uma certa ex-namorada."
De qualquer maneira, continuação de um bom trabalho!
Reler-me nas tuas palavras é escrever-me com os olhos.
ResponderEliminar«quem ama, ama com as tripas de fora» - ainda bem que não sou a única. Julguei-me eterna demente incompreendida.
E por falar em demência...
ResponderEliminarhttp://entrevirgulas-oiniciodofim.blogspot.pt/2012/11/o-que-ha-de-demencia-no-amor.html
:)
Este texto transformou um desses pedaços soltos do meu coração, e recolocou-o num cantinho de esperança.
ResponderEliminarMafalda
Se ainda não encontraste essa "futura namorada" algo está errado!
ResponderEliminarPodes não acreditar mas, hoje, numa de mais uma das minhas viagens diárias, pensei em escrever um post exactamente assim. Não sei se conseguiria ser tão expansiva, mas acho que ia dar algo deste género. ;) Gosto de ler nas entrelinhas, gosto de ler o coração... muitos parabéns! ;)
ResponderEliminarPedro como é que é possível não teres namorada?
ResponderEliminarPor mero acaso encontrei este texto. Fascinou-me, cativou-me. Não sei escrever dessa forma tão bonita, apenas te digo o que senti. Apaixonei-me pelo texto e pela forma como falas de Amor. Sempre sonhei com "príncipes encantados" mas não daqueles que aparecem nos filmes fazendo "gestos utópicos". Aliás, sonhei sim. Porque para mim os gestos utópicos são precisamente os mais simples. Já pouco se vê, mas deixa-me feliz saber que ainda exista quem os faça. Se amares de verdade como escreves nos teus textos, com certeza essa pessoa terá muita sorte. Eu neste momento acabo se sair de uma relação (e não diria isto mas tu próprio disseste que não devemos ter medo de dizer o que sentimos) e ainda estou naquela fase em que tudo é bastante difícil. O teu texto inspirou-me. Fez-me sonhar e fez-me escorrer lágrimas mas também um sorriso interior. Obrigada por isso e parabéns*
ResponderEliminarCostumo dizer que um bom escritor é aquele que escreve com o coração e não há melhor forma do que escrever sobre aqueles que amamos. Adorei o texto! :)
ResponderEliminarRendida a estas palavras! Parabéns!
ResponderEliminarO bom da escrita é que podemos beber textos como este, como se para nós fosse. Acho que gesto mais simples e explícito como este que aqui deixas é, sem sombra de dúvida, prova viva daquilo que és. A mim faz-me falta pessoas que saibam expressar o que sentem. Pessoas que não tenham medo de falar do que ainda não aconteceu mas que idealizam. Pessoas que são francas na avaliação que fazem de si e que permite ao outro ter uma melhor percepção da realidade. Cada vez gosto mais dos teus textos, da forma como os sinto meus. Eu que achava que os engenheiros não tinham coração... ;) Um beijo. Vemo-nos por aí :) *
ResponderEliminarCheguei aqui depois de ler este teu texto num outro blogue. Só tenho uma coisa a dizer: arrepiei-me! Belo dom o que tens :)
ResponderEliminarEstou nas nuvens com este texto. Obrigada por nos fazeres sonhar, Pedro :)
ResponderEliminarNão foi a primeira vez que li o texto. Na verdade, nunca fui muito de blogs e quando se tem umas quantas amigas que fazem spam dos teus textos, começa a torar-se um bocado incómodo levar com citações do Pedro Rodrigues pelas redes sociais num frenesim de indirectas por se querer um namorado assim. Se calhar por andar numa fase mais introspectiva, e por mero acaso ter vindo parar novamente ao teu blog e não sei porquê a este texto, confesso que o reli e desta vez, livre de pré-conceitos e sem ser em jeito de spam, gostei bastante.
ResponderEliminarFicou uma esperancinha em que existam mais pessoas a amar com as tripas de fora e a prometer os pequenos gestos.