Um dia vais-te sentar, de olhos
postos no vazio, e vais relembrar todos os momentos que te trouxeram até aqui.
Vais lembrar o primeiro pôr do sol que viste com atenção, o primeiro amanhecer
ao lado de alguém que amavas. Vais-te lembrar das gargalhadas nos dias quentes
de Verão, dos filmes das tardes de Domingo, durante os dias chuvosos de
Inverno. Vais-te recordar das batalhas travadas. Das guerras que venceste e das
guerras em que saíste vencida. Um dia alguém te irá dizer novamente que te ama.
Vais ficar de pé atrás. Vais pensar duas vezes. Vais-te lembrar do dia em que
tudo aquilo que podia dar certo não deu. Vais-te lembrar do último momento em
que o viste. As lágrimas choradas. As súplicas abafadas “fica não vás”, mas ele
avançava até desaparecer, e tu, muda, continuavas “fica, não vás”. Ele foi e
ficaste tu e o teu coração estilhaçado por todos os lugares em que foram
felizes. Mas a vida avança. Tu, como todos nós, avanças com ela. E
eventualmente alguém disparará novamente um “amo-te” na tua direcção. Tu
tentarás desviar-te porque o teu coração ainda guarda as chagas de feridas
anteriores. Desviar-te-ás até ele desistir, assumindo que, de facto, ele
desistirá. Se ele te merecer não desistirá. Continuará a dizer “amo-te”. Dirá
cem vezes, mil se realmente for necessário. E elaborará “amo tudo em ti, não só
o que faz sentido, não só o que me mostras, amo tudo em ti, mesmo aquilo que
não compreendo, mesmo aquilo que ainda não descobri, amo tudo em ti.”. Tu
sorrirás. Começarás a ceder porque o coração quer. As chagas deixarão de fazer
sentido e serão apenas recordações do caminho que te trouxe até aqui. Um dia
alguém te irá dizer que tu não és apenas a sortuda que ganhou na lotaria do amor,
tu és merecedora desse amor.
Um dia, alguém fará das tripas
coração, por ti.
Um dia ela irá sobressair no meio
da multidão. Olharás para ela, como se o resto do mundo não existisse. Sentirás
um sorvedouro miudinho no peito. Esquecerás os teus amigos e as conversas de
café. Sentirás uma vontade sufocante de dizer esse “amo-te” que tens guardado
no peito. Terás tremores por todo o corpo. Levantar-te-ás do teu lugar e irás
ter com ela. Não lhe dirás “olá, amo-te” e nada daquilo que digas te parecerá
correcto. Ela olhar-te-á com algum desdém. Tu não desistirás. Passarás noites a
sonhar com ela. Farás trinta por uma linha para conseguires o número de
telemóvel dela. Não desistirás. Tens esse “amo-te” guardado há muito tempo.
Agora percebes porquê. Depois de tantos namoricos casuais, de tantos amores de
bolso: ei-la. Ela que te tirou o fôlego. Ela que parece feita de estrelas. Ela
que te faz meter tudo em causa. Ela. Queres soltar esse “amo-te, fica comigo”.
Só ela merece esse “amo-te, fica comigo”. Os teus amigos gozar-te-ão. Serás uma
espécie rara no meio deles. Mas nada disso te incomodará. Por ela farás das
tripas coração.
Um dia vocês relembrarão esse dia
em que tudo mudou. Agora são mais que dois desconhecidos: são namorados,
amantes, companheiros de armas, parceiros de crimes de cabeceira. Hoje são
vocês os dois contra o mundo. E o mundo ajoelhou-se e rendeu-se perante vós.
Pedro, vou roubar este texto.... não imaginas como me tocou, do inicio ao fim!
ResponderEliminarÉs, sem sombra de dúvida, um sábio da mente humana apaixonada.
ResponderEliminarO teu blog é extraordinariamente fantástico, parabéns!
Adorei.. tem tudo a ver comigo vou "roubar".. obrigada adorei o teu blog
ResponderEliminarParabéns e Obrigada, pela forma como faz uso das palavras. Quando queremos falar de sentimentos parece que nunca há no mundo palavras que cheguem ou façam sentido, mas ao ler os seus textos tudo parece fácil, verdadeiro, claro e com sentimento "alma". Sou fã
ResponderEliminarDescobri o teu blog através do instagram e, rendi-me! És absolutamente genial com as palavras. Adorei o texto e ajudou-me a perceber algumas coisas que aqui andavam nas minha dúvidas. Excelente blog! Parabéns!
ResponderEliminarUm dia...
ResponderEliminarTrue story :)
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