Tive
o prazer de, no dia vinte deste mês, participar no TEDxCoimbra. Vou-vos ser
sincero: no momento em que recebi o convite da Ana, fiquei um pouco espantado.
Li a mensagem duas ou três vezes até ter a certeza que todas as letras estavam
no lugar e nada tinha aparecido do ar. Respirei fundo e sorri. Respirei
novamente e o sorriso não desapareceu. Liguei de imediato à minha namorada –
agora ex-namorada - e contei-lhe a novidade. Sentia-me a explodir de alegria e
o meu corpo era a prova viva disso. Respondi à mensagem um pouco relutante.
Pensava para mim: “será que eles têm noção que eu tremo só de ouvir a palavra
“palco”?”. No entanto, o desafio era demasiado grande, demasiado desafiante e
demasiado bom para ser recusado. Propus-me a subir a um palco e falar para duzentas pessoas sobre aquilo que trazia
cá dentro.
Nos
meses que antecederam o grande dia, dei por mim a imaginar-me a falar para
multidões. A inventar cenários desastrosos – uns mais que outros. Como
descalçar esta bota? Como pegar numa plateia de pessoas cultas e levá-la ao
êxtase? Tudo se tornou ainda mais apavorante quando recebi a lista de oradores
que iriam falar no evento. Os nomes eram enormes e eu era tão pequeno no meio
deles. Engoli em seco e comecei a minha jornada de preparação mental. Falei com
os meus pais sobre o assunto e recebi deles a primeira injeção de confiança. É
incrível como os pais nos conseguem projetar a quilómetros daquilo que
imaginamos ser. Decidi descansar um pouco da ansiedade e deixei-me ficar
abrigado num nirvana onde o TEDx era apenas uma miragem.
Os
dias passaram a correr até ao mês de Outubro. Durante esse período recebi todo
o apoio e confiança por parte da Ana e do Frederico. Foi incrível sentir como
aquelas pessoas, que até ao momento eram-me completamente desconhecidas, e com
as quais não tinha tido qualquer contacto físico, depositavam tanta esperança
em mim. Não sei como faziam, mas à maneira deles lá iam matando as inseguranças
que me atormentavam.
No
dia dezanove – algumas horas antes do grande momento – tive a felicidade de
conhecer o resto da família TEDxCoimbra. E é esta a palavra certa para os
descrever: família. No seio daquele conjunto de pessoas há amor e carinho e um
enorme respeito que não passa despercebido a quem tem o prazer de os conhecer.
Ali há entrega e paixão: desde o elemento mais novo – o pequeno Tomás – ao
elemento mais velho. Todos trabalham pelo objetivo comum: criar um evento sem
barreiras físicas ou sociais. Todos trabalham com um altruísmo imensurável.
Desde o primeiro contacto que tive com todos eles que me senti parte daquela
família. E quem não gostaria de se sentir parte de algo tão especial?
Nos
momentos que antecederam a minha subida ao palco vi nos olhos de todos eles a
esperança que haviam, meses antes, depositado em mim. Estava desfeito em
nervos. O meu corpo latejava de ansiedade e assim ficou até pisar o último
degrau que me levou ao sítio onde falaria. Quando olhei a plateia a minha cabeça voltou a
funcionar. Deixei-me naquele sítio. Deixei-me inteiro naquele sítio. Tinha decidido subir sem qualquer apoio. Ser o
mais genuíno possível, pois esse é o mote com que vivo e escrevo. Esse era o
mote da minha TED Talk. Talvez esse acto ingénuo de subir ao palco – diga-se
que pela primeira vez na minha vida – desarmado e sem qualquer tipo de
preparação, acabou por ditar o final prematuro da minha apresentação. Mas,
naqueles escassos minutos, bombardeei o público com as emoções que guardava dentro de mim. Não tive medo de partilhar tudo o que tinha cá dentro. Acho que, nesse
aspecto, ninguém me pode condenar.
Ao
descer as escadas e ser abraçado pelo meu pai – que me olhava orgulhoso - ouvi
da boca de alguns dos oradores, e outros membros da família, palavras de carinho
e de congratulação pela minha prestação em palco. Desde então que os elogios
têm vindo a multiplicar-se. Hoje sinto-me um bocadinho maior que há uns meses
atrás – não muito, mas um bocadinho – e por isso tenho-vos a agradecer uma vez
mais.
Sei
que este texto não dirá nada a metade do público que o ler, mas é o
agradecimento que precisava de fazer. Um dia fui acolhido por uma família
adoptiva. Nesse dia o meu pai esteve lá e constatou esse mesmo facto. Também
ele me pede para vos agradecer. Obrigado à família TEDxCoimbra: organização,
oradores e performers (não meterei nomes, pois corro o risco de me esquecer de
alguém.). Obrigado ao público presente. E como vos disse naquele dia tão
especial: “Não tenham medo de ser felizes. Encontramo-nos por aí…”
PedRodrigues
Belo texto Pedro. Bem escrito e bem sentido. Emocionante e apenas posso dizer-te e escrever: sinto o mesmo que tu escreves. Obrigado meu Amigo e bem hajas pelas tuas palavras.
ResponderEliminarRui Munhoz
Sábado vou falar no TEDxCoimbra. Também vai ser num dia 19!!! A Ana deu-me este link. Vejo-me no medo! :)
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