Sabes
aquele arrepio no estômago de cada vez que passas à janela dela? Ainda não
desapareceu.
Hoje
ainda me sinto feito de vento de cada vez que lá passo. Torturo-me, arrelio-me,
combato-me, mas a verdade é que continuas-me na carne. Quando
vais embora?
Não
vale a pena fechares a janela. Não vale a pena. Sempre que passo à tua janela,
vejo-te acenar. Vejo o meu coração na tua mão: a acenar-me. Amo-te, mas não
quero amar-te. Vejo-te, mas não quero ver-te. Os meus tendões contraem-se uns
contra os outros de forma caótica. A minha carne – tu – esmaga-se contra os
meus ossos. Dóis. Hoje dóis muito. E vão passar meses e anos e tu continuarás a
doer. Ninguém desaparece do corpo de ninguém. Ninguém se apaga do coração de
ninguém. Vivemos marcados pelos estigmas do nosso coração. Eu e tu, tu e eu.
Ontem perguntaram-me se era capaz de voltar para ti. Respondi
-Claro que não!
Com toda a convicção do mundo. É estranha esta forma que temos de mentir aos outros quando falamos dos dilemas do coração. É estranha a forma como nos mentimos sempre que o assunto são os dilemas do coração. A verdade é que quero seguir em frente. A verdade é que seguindo em frente tu não estarás. Hoje não estás; amanhã não estarás; depois de amanhã não estarás. A tua janela continua no mesmo sítio, mas tu não. O meu coração continua no mesmo sítio, mas tu não. Se hoje me perguntassem
-Voltavas
para ela?
Diria
-Claro
que não!
Na
esperança que os meus amigos, de palmada nas costas, me reconfortassem com um
-Ela
não te merece…
E na
minha cabeça tu não me mereces. Na minha cabeça eu finjo que nunca me
mereceste. Mas há alturas em que o coração fala tão alto que não conseguimos
ouvir nada, nem ninguém. Nessas alturas lembro-me da primeira vez que usei a
expressão
-Amo-te
Com
todas as letras e sem lapsos. Nesse momento amava-te. Apesar de tudo, ainda te
amo. Amo-te porque fazes parte dos estigmas do meu coração. Mas vais
desaparecendo lentamente. Eu vou seguindo em frente com a corrente. E a
corrente traz sempre coisas belas consigo. Quem me garante que a minha
felicidade não está à distância de uma palavra, ou de um olhar indiscreto? Quem
me garante que a minha felicidade não me sorriu por aí?
Não
sei se me estás a ler, mas… Sabes aquele sorvedouro no peito e aquele arrepio
na pele? És tu.
Hoje
ainda te amo. Amanhã não sei.
Obrigada pelas belas palavras que continuas a tornar transparente da tua mente e coração. Simplesmente lindo. Continua assim :)
ResponderEliminarTenho identificado a tua dor com a minha própria dor, e gosto muiuto das palavras que usas para te exprimires. Continua, penso que estás no bom caminho. Pelo menos é o que me dizem os meus amigos.
ResponderEliminarcanalizas o teu amor de forma tão perfeita
ResponderEliminarSimplesmente adorei!
ResponderEliminarÉ tão puro, tão perfeito *.*
ResponderEliminar"É estranha esta forma que temos de mentir aos outros quando falamos dos dilemas do coração. É estranha a forma como nos mentimos sempre que o assunto são os dilemas do coração."
ResponderEliminarNunca me tinha apercebido, ou talvez simplesmente não quisesses aceitar mas, esta é das coisas mais verdadeiras que já alguma vez foi dita. É no mínimo irónico que, o Homem, o animal mais racional de sempre, padeça perante 'as coisas do coração'.
Talvez seja a nossa natureza, o instinto de sobrevivência, de auto-preservação... O que mais uma vez é contraditório porque viver isolado é impossível e anti-natura.
Nego e renego as 'as coisas do coração', pensava que era bom; fizeste-me ficar na dúvida...
"É estranha esta forma que temos de mentir aos outros quando falamos dos dilemas do coração. É estranha a forma como nos mentimos sempre que o assunto são os dilemas do coração. A verdade é que quero seguir em frente. A verdade é que seguindo em frente tu não estarás. Hoje não estás; amanhã não estarás; depois de amanhã não estarás. A tua janela continua no mesmo sítio, mas tu não. O meu coração continua no mesmo sítio, mas tu não."
EliminarPor isto e por todo o trabalho, parabéns! :)