É
como dizem por aí: tudo o que começa, um dia, acaba. Tudo tem de acontecer por
uma razão e acabar por uma razão. Não há volta a dar. Não há nada a fazer. Todos
sonhamos com os finais felizes. Com os eternos clichés dos filmes. Todos
procuramos um romance, um verdadeiro romance, um romance à moda antiga, à prova
de bala e de tempestades. Damos o nosso melhor e queremos que tratem o nosso
melhor com respeito – como merece ser tratado. Às vezes somos enxovalhados, maltratados,
esconjurados. Sofremos horrores, mas teimamos em querer mais. Teimamos em ver a
luz ao fundo do túnel. Pensamos, refletimos, choramos um pouco, – por vezes não
chega chorar um pouco – pensamos novamente, rebobinamos, mas lá no fundo
queremos aquele final feliz. Queremos o beijo eterno. Queremos o beijo que
parece eterno e com que os filmes acabam. Príncipes e princesas que serão reis
e rainhas. Amores épicos que sobrevivem a guerras e tiroteios e ferimentos.
Queremos aquilo a que temos direito. Convenhamos: temos direito a tudo. Temos
direito a muito mais que aquilo a que estamos sujeitos. Somos mais, somos
melhores, somos imensos. Não vivemos à base de quases, embora muitas vezes
pensemos que sim. Precisamos de mais, precisamos de muito mais. Não nos
contentamos com o fugaz, com o efémero, com os amores de bolso do dia a dia.
Queremos ser o romance na vida de alguém. Queremos alguém que seja o nosso
romance. Não nos contentamos com pouco. Nós somos tanto. Tanto, tanto. Somos os
loucos que acreditam que as estrelas do céu escondem segredos. Somos os loucos
que desejam sorrisos. Somos os loucos que acreditam na felicidade e no amor.
Somos os loucos. Os loucos. Os loucos. Os loucos. Somos melhores por pensarmos
assim. Somos Verão durante o Inverno. E Primavera quando o gelo esconde as
flores. Somos os segundos dos minutos e os minutos das horas. Chego a pensar
que somos os dias dos anos que passam por nós. Somos fórmulas gastas. Somos os
parvos, os palermas, os patetas. Os ultrapassados que julgam existir algo mais.
Não existe. Nunca existe. Mas nós não deixamos de acreditar. Talvez por isso
sejamos tão felizes. Talvez por isso não tenhamos nada nas mãos a não ser um
punhado de ar. E até o ar nos faz sorrir. Quando somos verdadeiramente felizes, até
o ar nos faz sorrir.
PedRodrigues
É assim....e muitas vezes, nas palavras de alguém nos perdemos ... encontrando a sintonia do emaranhado de pensamentos que não conseguimos exprimir....
ResponderEliminarParabéns.