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terça-feira, 14 de maio de 2013

Crónica de incentivo


É como dizem por aí: tudo o que começa, um dia, acaba. Tudo tem de acontecer por uma razão e acabar por uma razão. Não há volta a dar. Não há nada a fazer. Todos sonhamos com os finais felizes. Com os eternos clichés dos filmes. Todos procuramos um romance, um verdadeiro romance, um romance à moda antiga, à prova de bala e de tempestades. Damos o nosso melhor e queremos que tratem o nosso melhor com respeito – como merece ser tratado. Às vezes somos enxovalhados, maltratados, esconjurados. Sofremos horrores, mas teimamos em querer mais. Teimamos em ver a luz ao fundo do túnel. Pensamos, refletimos, choramos um pouco, – por vezes não chega chorar um pouco – pensamos novamente, rebobinamos, mas lá no fundo queremos aquele final feliz. Queremos o beijo eterno. Queremos o beijo que parece eterno e com que os filmes acabam. Príncipes e princesas que serão reis e rainhas. Amores épicos que sobrevivem a guerras e tiroteios e ferimentos. Queremos aquilo a que temos direito. Convenhamos: temos direito a tudo. Temos direito a muito mais que aquilo a que estamos sujeitos. Somos mais, somos melhores, somos imensos. Não vivemos à base de quases, embora muitas vezes pensemos que sim. Precisamos de mais, precisamos de muito mais. Não nos contentamos com o fugaz, com o efémero, com os amores de bolso do dia a dia. Queremos ser o romance na vida de alguém. Queremos alguém que seja o nosso romance. Não nos contentamos com pouco. Nós somos tanto. Tanto, tanto. Somos os loucos que acreditam que as estrelas do céu escondem segredos. Somos os loucos que desejam sorrisos. Somos os loucos que acreditam na felicidade e no amor. Somos os loucos. Os loucos. Os loucos. Os loucos. Somos melhores por pensarmos assim. Somos Verão durante o Inverno. E Primavera quando o gelo esconde as flores. Somos os segundos dos minutos e os minutos das horas. Chego a pensar que somos os dias dos anos que passam por nós. Somos fórmulas gastas. Somos os parvos, os palermas, os patetas. Os ultrapassados que julgam existir algo mais. Não existe. Nunca existe. Mas nós não deixamos de acreditar. Talvez por isso sejamos tão felizes. Talvez por isso não tenhamos nada nas mãos a não ser um punhado de ar. E até o ar nos faz sorrir. Quando somos verdadeiramente felizes, até o ar nos faz sorrir.

PedRodrigues

1 comentário:

  1. É assim....e muitas vezes, nas palavras de alguém nos perdemos ... encontrando a sintonia do emaranhado de pensamentos que não conseguimos exprimir....
    Parabéns.

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