E então descobri silêncios dentro
do silêncio. Naquele dia, àquela hora, quando tudo o que queria era ouvir a tua
voz junto ao meu ouvido. Descobri que há mais para lá do fim que aquilo que
julgamos. Então fechei os olhos. Apertei as saudades misturadas entre os
lençóis: tu não estavas. Há mais para lá do fim. Há o que fica de nós: sangue,
suor, lágrimas. Então percebi que as lágrimas que choramos quando morre o amor
são as que mais nos magoam. As lágrimas que choramos de saudade são as que mais
nos pesam. Mas se vamos chorar, que choremos por algo que valha a pena. Naquele
dia, àquela hora, tudo o que queria eras tu. Não a imagem de ti. Não a ilusão
de ti. Não as memórias de ti. Queria-te. Como se quer o amor. Como se quer o
sol que nos aquece depois do inverno gelado. Como se quer o sol. Não o sol com
todos os raios que partilha com todo o mundo. Os únicos raios que me
interessam, são aqueles que o sol partilha contigo e comigo. É deles que te
falo. É deles que sinto falta. Então tento desligar-me um pouco para que te
possa anular em mim. Porque tu vives em mim. E não quero a tua imagem, as tuas
memórias, a ilusão de ti. Quero-te. Quero a tua mão a tactear o meu corpo como
se fosse a primeira vez. Quero os teus lábios nos meus. Quero um segundo de ti.
Quero uma vida de ti. Quero que, onde quer que estejas, procures por mim. Eu
aqui ando à deriva, na esperança de te reencontrar.
PedRodrigues
Gostei muito, muito mesmo.
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