Mudei as roupas porque o Verão
estava a chegar. O Inverno tinha passado. Aparentemente, tudo passa. Larguei os
casacos e os cachecóis que me protegiam do frio quando não estavas; arrumei as
mantas que nos aqueciam nas noites de cinema partilhadas. Preparei-me para o
sol e o calor de outros dias – com outras que cores que não eram as tuas. Não
há Inverno que dure para sempre. Nem dores que um dia não deixem de doer.
Resolvi, então, vestir-me de acordo com o tempo que se fazia sentir lá fora.
Preparei-me para as noites amenas de luares exóticos; os céus vestidos de azuis
joviais; os mares pintados de fogo ao final do dia; os pés na areia, o corpo no
mar... Meti na cara o meu melhor sorriso. Reencontrei o meu melhor olhar –
aquele que um dia disseste desarmar-te, e que julgava ter perdido para sempre.
Levantei a cabeça e caminhei. Caminhei. Às vezes só é preciso um dia de sol,
para percebermos que o cinzento da vida é passageiro.
PedRodrigues
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