Tentei aprender contigo o
canto das sereias. Diziam ser um perigo. Uma mulher que nos encanta, é uma
mulher que nos mata. E essa morte é lenta, quase como um sono manso que se
apodera de nós sem darmos conta. Quando nos apercebemos já estamos demasiado
presos. As nossas horas começam a medir-se numa escala diferente daquela que
nos ensinaram: não há tempo: horas, minutos, segundos. Tudo se passa a medir em
silêncios, fôlegos, vontades, conversas, cheiros. Tudo se passa a medir em ti.
Tudo é feito de ti. Não só o como, ou o porquê, também o quando: “quando ela me
olhou”; “quando ela me beijou”; “quando ela me tocou”. Agora os instantes são
feitos do teu canto, ou do teu silêncio. E realmente não sei o que será mais
perigoso: se a forma como me embalas quando me falas; se a forma como sinto a
tua falta quando nada dizes. É um perigo permitirmos que alguém controle a
nossa vida. Mas eu rio-me face ao perigo.
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