Preferia que me tivessem dito
que os monstros debaixo da minha cama, afinal, existem. O céu também pode ser
pintado de vermelho e o mar, ao fim e ao cabo, não tem cor. Os baralhos não têm
apenas cinquenta e duas cartas. E os arco-íris nem sempre se entendem nas sete
cores.
Preferia que me tivesses dito “boa
noite, até amanhã”, em vez de “adeus, até um dia”. Ou me tivesses beijado na
testa com carinho, em vez de na boca com desprezo. Se a vida fosse fácil, as
lágrimas não seriam choradas para acalmar a dor. Nada nos é dado de mão
beijada. E nem sempre a sorte conspira a nosso favor. A luz nem sempre é
imensa, mas até a estrela mais pequena pode iluminar uma noite escura.
Preferia que me tivessem
alertado sobre os monstros vestidos de gente que caminham entre nós. Tudo seria
mais fácil. O medo da solidão é imenso, mas indiferença no teu olhar sufoca-me.
És um monstro vestido de homem: ficas, mas nunca estás. Consomes-me devagar,
como um veneno dado em pequenas doses. Nem sempre amamos quem nos faz bem, é
certo e sabido. E o céu, no fundo, também pode ser pintado de vermelho. O
alerta está dado.
PedRodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário