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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

2016


Vivemos as nossas vidas em função de alguns vazios que tentamos preencher: com coisas que não precisamos, ou pessoas que não amamos verdadeiramente. Esperamos: por algo, ou alguém, no momento certo. Timing, ao que parece. Tudo se resume a isso. Nem sempre estamos no sítio certo, à hora certa, com a pessoa certa. Então vamos colecionando errados. A medo, vamos nadando contra a corrente. Não há salvação possível, pensamos. Esperar é um verbo que nos consome. Há quem espere uma vida inteira
- Um dia ganho o bilhete da lotaria.
- Um dia arranjo tempo para viajar.
- Um dia digo-lhe que a amo. Hoje não. Amanhã, quem sabe?
Vivemos uma vida inteira à procura de uma força qualquer que nos faça avançar. Uma energia cinética interior.
Há tantas possibilidades.
Ensinaram-nos, na escola, a decifrar as palavras dos poetas. Alheios ao facto dos poetas não escreverem com as mãos. E não há uma fórmula certa para desmistificar o que dizemos com o coração.
Ao olhar para trás compreendo a necessidade do erro – cheguei aqui às cavalitas de alguns. Não há fogo que dure para sempre. Tudo se consome. E quando nos cansamos de nadar contra a corrente, sem darmos conta, o mar acaba por nos levar até terra. Talvez porque o tempo de uma onda, aos nossos olhos, é pequeno. Talvez porque o nosso tempo, aos olhos do mundo, é pequeno.
Uma folha em branco tem imensas possibilidades.
Chegamos ao topo da montanha, começando do chão.
 
PedRodrigues

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