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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

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a poesia não nos salva de nada
não salvará
vai adiando o inevitável
o derradeiro impacto
com o final do abismo
a poesia é o líquido
denso que nos prolonga
a sensação da queda
nada nos salvará
o mundo um dia será pó
varrido por uma vassoura 
divina qualquer
cientistas descobriram 
que o universo afinal
não é infinito
nada se prolonga para sempre
um dia acabaremos todos 
no oblívio e ninguém se
lembrará que existiu um
tipo chamado Homero
e um herói que regressou
a casa para a sua amada
ninguém se lembrará
do varredor de ruas
que limpa sempre 
o mesmo sítio
às seis da tarde
a eternidade é
a prisão dos poetas
e de outros loucos
que não acreditam
que há uma força
mística que nos 
varrerá a todos.



Pedro Rodrigues

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