Fechamos os olhos juntos. Contamos, os dois, até cem:
um de nós acaba por ganhar, o outro acaba por perder. Nenhum de nós diz seja o
que for. Calamo-nos e abrimos os olhos. Olhamos um para o outro. És tão bonita.
Às vezes acho que não o sabes, mas: és tão bonita. Às vezes quero dizer-te a
sorte que tenho em te ter a olhar para mim todas as manhãs. Às vezes quero
repetir-te essa sorte que tenho em partilhar o teu olhar meigo, ou o teu toque
nos meus cabelos quando achas que devo ir ao barbeiro, ou o hálito a café do
teu beijo antes de saíres de casa para o trabalho. Tenho sorte em ter-te, mas
não te digo. Na minha cabeça tu sabes a sorte que tenho. Na minha cabeça tu
sabes tudo. Na minha cabeça o nosso amor não tem um prazo de validade. Consigo
imaginar-nos, já velhinhos, de mãos dadas: rugas nas rugas. Continuas bonita.
Atrás das rugas e dos cabelos brancos e dos óculos: continuas linda. Fechamos
os olhos juntos. Contamos até cem, os dois, em uníssono. Contamos até cem e não
nos cansamos um do outro. Um de nós ganha, o outro perde. Ninguém sabe qual,
nenhum de nós diz seja o que for. Até ao cem estamos juntos. Depois do cem
estamos juntos. Estamos sempre juntos.
Fechamos os olhos juntos. Contamos, os dois, até cem:
tu não sabes, mas eu ganho-te. Não te digo seja o que for. Calo-me e abro os
olhos. És tão especial. Tenho a certeza que não sabes, mas: és tão especial.
Espero que saibas a sorte que tenho em ter-te ao meu lado. Espero que saibas que adoro cada capítulo da
vida que tenho partilhado contigo – e que não te cansas de escrever no papel.
Espero que saibas que te amo a mil à hora (é assim que o meu coração reage
sempre que estou contigo. Que posso fazer?). Todas as manhãs me sinto a mulher
mais feliz do mundo. Acordar e ver-te ainda adormecido, tão sereno, a meu lado,
é motivo suficiente para ficar com um sorriso parvo na cara. Também ao
acordar te ganho, mas não te digo. Só quero que saibas que és especial. Que é
impossível não me sentir também especial quando estou contigo. Quando as minhas
amigas cochicham no trabalho o amor e a ternura que demonstras por mim nos teus
textos. Quando me lanças esse olhar de menino perdido à procura de um pouco de
mimo. É impossível não te amar. É impossível não me calar quando te ganho – e eu
ganho-te sempre. Talvez por isso conte contigo até cem e fique calada. Na tua cabeça
um de nós perde, o outro ganha. Na verdade eu ganho-te sempre, mas isso não
interessa. Desde que estejamos juntos, nada disso interessa.
Cantamos juntos aquela música do anúncio que costuma
passar na televisão. Desafinamos, juntos, cada acorde. Nenhum de nós ganha,
nenhum de nós perde. Desafinamos juntos. Acabamos a rir, juntos. Desligamos as
luzes, a televisão, os computadores, fechamos os livros e beijamo-nos.
Adormecemos juntos. De manhã, acordaremos juntos. Se tivermos sorte,
acordaremos sempre juntos. Até que a morte nos separe: juntos.
PedRodrigues
Absolutamente delicioso! Está tão puro, tão bonito, tão sincero... quase me traz as lágrimas aos olhos.
ResponderEliminarParabéns Pedro!
Amazing!!! E ela vai ter a história de amor escrita para quem quiser ler, sem vergonha...simplesmente escrita e deliciosamente contada para que o mundo dos que escondem ou ainda não têm amor fique cheio de inveja e a sonhar por "qualquer coisa" assim =) *
ResponderEliminarGostei muito :)
ResponderEliminarAh, gostei tanto... :-)
ResponderEliminarO milagre que seria, encontrar alguém, para celebrar dessa forma o Amor.
ResponderEliminarSempre juntos.
É o sonho de qualquer rapariga poder viver um amor com alguém que sente mesmo isso. Parabéns Pedro, as tuas palavras tocam qualquer um!
ResponderEliminarSimplesmente lindo, como todos os outros :) !!! Parabéns!!!
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