É estar de pés enterrados na
areia. Sentir os grãos entre os dedos. Olhar o mar, olhar a imensidão do mar e
pensar
-Sou tão pequeno
Porque no fundo sou mesmo. Sou
tão pequeno quando comparado com o mar.
É sentir o sol na cara. Sentir o
calor do sol na cara. Esquecer tudo: presente e passado. Sentir o sol na cara e
esquecer que sou pequeno quando comparado com o mar. É pensar como um grão de
areia
-Sou tão pequeno
Porque é. Mas uma praia é feita
de grãos de areia. E eu, por exemplo, sou tão pequeno em comparação com uma
praia.
-Sozinho sou tão pequeno
Sozinhos somos demasiado
pequenos. Sozinhos o mundo parece engolir-nos: temos medo, somos fracos, somos
uma pequena parte. Aos nossos olhos o mar parece um gigante azul que se irrita
de quando em vez. O céu parece demasiado vasto para caber nos nossos olhos.
Sozinhos somos isto. Sozinhos somos pouco.
É sentires a brisa na cara e
pensares
-Sou este instante
Parares, respirares fundo,
sentires novamente a brisa
-Também sou este instante
E assim sucessivamente: instante
após instante. É sentires-te parte de cada instante por seres esse mesmo
instante. É estares cá e gostares de estar cá. Pensares no mar, no céu, na
areia, no vento. Veres o mundo como ele é: demasiado grande para caber na palma
da tua mão. Mas teres alguém ao teu lado que te diz
-Tu consegues
Alguém que te dê a mão
-A minha mão cabe na palma da tua
mão
É entenderes que podes tornar
alguém no teu mundo. Perceberes que não há impossíveis quando estão juntos. É
sorrires e sorrires e sorrires e sorrires: até te cansares. Mas nunca te cansas,
pois não?
(A sorrir)
-Nunca me canso
A verdade é essa: nunca te
cansas. Quando estás verdadeiramente feliz, a vida parece-te um Verão
interminável. E ninguém se cansa do Verão, pois não? Todos gostamos demasiado de
sentir a areia nos pés, de sentir o calor do sol na pele, de olhar o mar e
imaginar onde termina o horizonte. São os prazeres da vida. São as pequenas
coisas da vida. Como nós, que também somos tão pequenos.
-Sou tão pequeno
-Tens a certeza?
-Sozinho sou tão pequeno... –
sorriu - Mas quando estou contigo sinto-me infinito.
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