Se
olhar para ti, para ti realmente, não para uma foto, – embora uma foto seja um
segundo de ti – se olhar com certeza de te ver, de mais tarde te poder tocar,
se olhar mesmo, consigo imaginar-nos juntos para o resto das nossas vidas. Sei
que parece um bocado forçado, de uma rapidez quase supersónica, mas a verdade é
que nos imagino lado a lado: eu a escrever livros sentado à janela e tu
debruçada sobre mim à tua procura nas entrelinhas. Sonho dedicar-te livros e
contos e textos. Dedico-te este – como já dediquei outros. Espero colher
contigo todos os frutos dos anos que passarmos juntos. Ver-te envelhecer: uma
ruga de cada vez. Não me olhes assim – imagino que me estejas a olhar com
vontades homicidas por falar nas tuas rugas. Conheço-te. Para o bem, ou para o
mal: conheço-te. É bom conhecer-te. Entender os espaços entre as palavras. A
amargura em certas frases. Tu sabes e eu sei: não há relações que vivam sempre
na bonança. Todos temos defeitos, todos erramos, todos acabamos por falhar num
ou noutro momento. Somos seres falíveis, mas é no meio das nossas falhas que
nos vamos compreendendo. E compreendendo-nos, amamo-nos. É este jogo do gato e
do rato, esta apanhada desmedida entre barreiras e obstáculos que torna as
relações tão especiais. Às vezes precisamos de tropeçar para nos podermos
levantar mais e melhores. Precisamos de perceber que temos forças escondidas, e
que, bem lá no fundo, vale a pena lutar. Quem ama: luta. Este jogo não foi
feito para os desistentes, para os choramingas, ou os fracos de espírito. O
amor é uma fonte de esperança, uma vontade cega de acreditar que, apesar dos
defeitos, alguém nos merece e nós merecemos alguém. O amor é um puto altruísta
que partilha o que tem com o parceiro do lado. O amor és tu nas entrelinhas
deste e doutros textos. São os teus cabelos que escrevo, são os teus olhos que
escrevo, são as tuas mãos que escrevo, os teus lábios que escrevo, a tua pele que
escrevo, os teus seios que escrevo. És tu. O amor é querer-te a respirar contra
o meu pescoço enquanto te ponho no papel. Sentir o teu perfume pela casa
enquanto me levanto para esticar as pernas e as costas. Amar-te é escrever-te.
É sangrar em cada palavra: o meu sangue e o teu sangue: o nosso sangue.
Imaginas-te ao meu lado daqui a uns anos? Eu, vaidoso, de óculos futuristas
poisados no nariz, de robe vestido diante do computador. Tu ao meu lado, tão
serena, tão bela, a veres os filmes de Domingo à tarde. Imaginas o meu beijo na
tua testa – eu sei que gostas e que achas romântico. Imaginas? Não sou um mago
das relações, nem um profissional do amor, mas creio que este seja o bê-a-bá da
coisa. E se olhar para ti, realmente para ti, isto te posso garantir: consigo imaginar
o resto das nossas vidas: juntos. O amor deve ser – também – isto, não?
PedRodrigues
Não consigo parar de ler os teus textos, eles consomem-me de uma maneira incrível, sou capaz de passar horas a ler tudo o mais devagar possível para os textos não acabarem. Parabéns :)
ResponderEliminarAmo cada palavra! Obrigado por conseguires por no papel aquilo que eu nao consigo...
ResponderEliminar:') e apaixonei-me!
ResponderEliminarNicholas Sparks Português!? ;)