Quando era miúdo criava heróis
que me protegiam de todo o tipo de ameaças. Criava-os para que me ajudassem nas
batalhas do dia a dia. Em cada um desses heróis vivias tu. Eras tu que me
protegias, mesmo sem saberes, de todos os males que me atormentavam. Mesmo
tendo mares e oceanos a separarem-nos, tu estavas comigo. Nunca me esquecia de
ti e contava os dias para o teu regresso. Os heróis que criava eram a
personificação da tua ausência. Quando não estavas, eles guardavam-me. Mas, no
entanto, tu estavas. Tu guardavas-me e protegias-me. Mesmo estando longe, mesmo
estando tão longe.
A mãe sempre me disse que tenho
muito de ti. Herdei-te os olhos, o nariz, o cabelo, a estatura, o feitio. Somos
carne da mesma carne. Sangue do mesmo sangue. Correm-me os teus genes nas veias
e é com orgulho que os ostento. Amo-te pai. Não precisava de escrever este
texto para que o soubesses. Escrevemos o nosso amor nos silêncios. Não
precisava de escrever fosse o que fosse, mas quis assinalar esta data. Quis
deixar esta mensagem. Hoje não estás a milhas náuticas de distância, estás em
Lisboa, a poucas horas daqui. Logo, ligar-me-ás e desejar-te-ei um feliz dia do
pai, como faço todos os anos. Tu agradecerás e dirás qualquer coisa engraçada.
Talvez falemos da faculdade ou de futebol. E nos silêncios das nossas conversas
fica aquilo que ambos sabemos: eu amo-te e tu amas-me. Obrigado pai. Obrigado
por me ajudares a ser mais e melhor. Obrigado pelos conselhos; pelo apoio nesta
jornada. Obrigado por continuares a ser o meu herói, pai. Porque os verdadeiros
heróis não necessitam de capa ou máscara. Amo-te.
Pedro
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