É assim que te
escrevo, neste jeito tonto de juntar as palavras com desenhos animados e cores
confusas que contam o que trago vestido por dentro. Entendo-te nas entrelinhas
e invento-nos de mãos dadas num pôr do sol qualquer, num sítio qualquer, num
tempo qualquer. “Temos tudo para dar certo”, penso nisto vezes sem conta, até
que me perco a imaginar que o tudo nunca é tudo e que há sempre a pequeníssima
possibilidade de algo dar errado. Penso nisso e assusto-me, mas depois vejo a
tua imagem e sossego-me. “Amanhã, se tiver coragem volto a pensar nisso”, digo
baixinho para que nem as paredes oiçam. Está sol lá fora e se aqui estivesses
estarias ainda mais bonita. O sol assenta-te bem. És linda e o sol sabe disso e
talvez por isso te tenha escolhido. Não tenho inveja do sol, porque o sol mora
a anos luz de nós e lá no fundo sei que os teus olhos não me mentem e que são
apenas meus. Dizes-me que és minha e eu ouso acreditar com todas as forças que
isso é verdade. Há quem me chame louco por acreditar naquilo em que acredito,
mas eu não me importo. Acredito em ti como acredito nas cores da manhã que vai
acontecendo lá fora. Sou teu. Também eu sou teu. Há correntes que nos prendem e
das quais não me quero soltar. Contar constelações nos teus olhos é o meu
passatempo favorito. Sinto-nos certos, mas podemos estar errados. Amanhã penso
nisso. Hoje deixa-me aqui ficar, junto àquilo que me faz sorrir como um louco.
Junto a ti.
PedRodrigues
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