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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O meu lugar


Nem sempre o horizonte é uma linha recta - pelo menos aqui. Noutro lugar, haverá outros horizontes. Talvez sejam linhas rectas, ou não. Não sei. Conheço o horizonte deste lugar. Embora por vezes ainda me surpreenda. Conheço o horizonte do meu lugar. Foi aqui que nasci. Foi aqui que cresci. Foi aqui que dei o meu primeiro beijo. É aqui que me perco. É por aqui que desespero, quando estou longe. Este é o meu lugar. Diz-se que “casa é onde o coração está”. Não podiam estar mais certos. Vá para onde for, a minha casa vai comigo. É por este horizonte que desespero – e ainda cá estou. Tenho vontade de conhecer o mundo, tenho vontade de viver noutros lugares, de conhecer e viver novas culturas. Mas este será sempre o meu horizonte: um mar de prata imenso, que se desmancha freneticamente na areia. Para onde quer que vá, levarei este cheiro comigo. O toque salgado das areias e das algas deste mar. É bom partir, se tivermos para onde regressar. Tenho para mim que a vida se perde numa circunferência: começa e acaba no mesmo ponto. Tenhamos nós a sorte de acabar de a desenhar. Tenhamos nós a sorte de partir, para regressar.

 

PedRodrigues

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