Peço ao mundo um segundo.
Apenas um segundo. Peço-lhe tempo para cumprir os meus desafios, para
atravessar a meta. Nada mais. Peço-lhe tempo para aprender a guardar comigo
aqueles que amo, para continuar a amar a carne, os ossos, o calor dos abraços,
a alegria dos sorrisos partilhados. Tempo para me preparar para o depois. Peço-lhe
tempo para o agora. É isso que quero. Quero concentrar-me no agora. Nas noites
frias de inverno, entre as mantas, a escrever como um louco sobre os amores
passados e a possibilidade dos amores futuros; nas manhãs de primavera, com
todas as cores que guardo por dentro como se de um quadro se tratassem; dos
finais de tarde de verão, à beira-mar, de pés na água salgada; das promessas de
outono que acabam sempre por cair por terra como as folhas secas. Quero
concentrar-me neste segundo. Procurar em mim o brilho que ilumina a noite
escura. Descobrir o mapa para a índia do meu coração, e partir. Sem medo de me
perder pelo caminho – todos nos perdemos; todos nos voltamos a encontrar. Partir
em busca da felicidade. Encontrar o meu ponto de equilíbrio. Criar. Ser. Ser um
pouco mais. Ser cada vez melhor. Crescer. É isso que quero: crescer. Dar amor.
Receber amor. Olhar o infinito e sonhar com o seu final. Inventar. Gritar bem
alto, como um louco. Sussurrar ao ouvido: és capaz. Porque realmente sou. Capaz
de transformar um momento menos bom, numa oportunidade. Recomeçar. Criar um
novo zero, um novo referencial relativo. Encontrar. Novas pessoas, novas
cidades, novos mundos. Tingir a folha em branco. Com lágrimas de alegria, com
sorrisos que disfarcem a tristeza. Usar este músculo que não se cansa de bater.
Não ter medo de eventuais taquicardias. Não ter medo. Ir em frente. Sempre.
Olhar para o passado como isso mesmo: algo que passou, que não volta. Olhá-lo
como um motor para avançar e não como um motivo para ficar parado. Ao mundo
peço apenas um segundo. Apenas um segundo de atenção. Há tanta coisa que nos
escapa. Concentramo-nos na tempestade e por vezes esquecemo-nos da bonança.
Só preciso desse segundo.
Só preciso desse segundo.
PedRodrigues
Preciso de amor. Talvez de amor-próprio. Não me sinto amada, de todo.
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