Então quis dar voz às palavras
não ditas. Aos poemas não escritos. Às cidades não visitadas. Às madrugadas não
partilhadas. Quis procurar o erro, no meio dos erros: as vírgulas que deviam
ter sido pontos finais. E dei por mim a lamentar às escondidas - como se
pudesse guardar todas as mágoas do mundo - os tropeções e as quedas. O que mais
custa numa queda é o impacto do corpo com o chão, o perceber que nos podemos
despenhar, que o nosso corpo não é tão duro como julgamos. A nossa fragilidade
é uma fraqueza. Ninguém gosta de ser fraco – muito menos parecer fraco. Mas é
no meio dos tropeções que nos aprendemos a levantar e a andar. A atenção ao
detalhe é tão necessária como os passos que nos obrigam a avançar. Na cadência
dos dias que acontecem não há lugar que não queira, um dia, visitar. Não há
amores que não queira, um dia, viver. Nem sempre podemos dar razão ao coração.
Às vezes é preciso coragem no meio da vertigem. A queda é garantida. O que
fazemos depois, depende de nós. Não há castelo que se construa sem a primeira
pedra.
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