Os aviões são máquinas de
partir e de chegar. Monstros de lata com asas que engolem e cospem pessoas nos
aeroportos. Aqui, tudo converge: pessoas, sentimentos, objectos. Há quem fique
e quem vá. Quem não saiba o que lhe espera do outro lado. Quem tenha medo. Há
quem sorria de nervosismo, ou com vontade de sorrir. Os que buscam essa
adrenalina de conhecer, de partir em busca de algo. Aqui há quem chegue de
longe. Há quem venha apenas visitar. Há lágrimas de despedida e lágrimas de
chegada. Neste ponto, tudo parece colidir. Tudo parece caber neste espaço.
A saudade é uma distância que
nos une enquanto nos separa. Um vazio miudinho que nada preenche. Aqui há
abraços entre pais e filhos, feições alegres e gritos enérgicos de quem espera
e quem chega; lágrimas e juras de telefonemas diários, para acalmar essa
vertigem da separação, mais abraços apertados que infelizmente têm um limite.
Talvez porque nada é eterno. Talvez
porque tudo acaba.
Ouve-se a voz sem dono que
ecoa nas vidraças e nos corações de quem ainda está. Vai partir, vai chegar.
Voo atrasado de Londres. Falta pouco. O tempo é uma coisa muito grande que nos
engole. O mundo nem sempre é um T0. Às vezes o mundo é só o mundo. Algo que não
cabe nas nossas mãos. A possibilidade do regresso acompanha quem parte e quem
fica. Um dia, pensa-se. Voltar é um verbo necessário para quem parte.
Neste local tudo converge. Sentado,
aguardo a minha vez. Olho em volta: lágrimas, sorrisos, gritos, abraços, malas,
pessoas, Paris, Madrid, Londres, Roma, Boston, Luanda... Imagino-me parte de
tudo isto. Os dias contados para ser feliz. Os dias contados para voltar a
pisar este chão. Invade-me esse frio na barriga: o medo da partida. E choro.
Não de alegria. Não de tristeza. Choro por este chão que conheço e que teima em
fugir.
PedRodrigues
Fantástico Pedro! Mais uma vez :)
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Parabéns, Pedro! Como sempre, está maravilhoso!
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