De todos os Outonos que caem
do céu, em chuva, lá fora, quero-te a ti. Tu, com os teus cabelos que se perdem
entre as cores das folhas deixadas pelas árvores e a esperança de um espaço
partilhado a dois no meio da tempestade. Lá fora tudo remexe e se desfaz. Tudo
se prepara para novas noites de frio e aguaceiros. Novos finais, novos começos.
Cá dentro, entre os lençóis, o barulho da chuva. O telemóvel pousado ao meu
lado na expectativa das tuas palavras. Um silêncio enorme. Só o vento e o
martelar dos dedos no teclado. Vou dedilhando o que sinto pelo teu sorriso cor
de pérola que, se fosse poeta, diria que acontece velozmente. Não sei o que
desse lado tu pensas da chuva, nem do Outono, nem do Inverno, nem de mim.
Talvez me vejas ao longe, como uma possibilidade distante de algo. “Talvez”,
pensas tu. “Talvez”, também eu penso. A vida é matreira e vai pregando
partidas. O coração ainda bate, mas já foi cosido algumas vezes. As marcas
servem para lembrar, especialmente nestes casos. Se eu fosse a chuva, não tinha
medo do chão. Todos acabamos por nos despenhar em alguém. Talvez o meu Outono
sejas tu. Talvez o teu Outono seja eu. Não sei. Preciso de o ouvir da tua boca.
Gritado entre o barulho do vento e do céu chorado. Das sete cores do arco-íris,
escolho as tuas. De todos os beijos do mundo escolho os teus.
Basta me dares a mão e dizeres
que sim.
PedRodrigues
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