-Por
que razão me escolheste a mim?
A
verdade é que ele não sabia muito bem qual a razão de a ter escolhido a ela.
Ninguém sabe por que razão amamos quem amamos no meio de tantas outras
possibilidades de amor. O coração quer, o coração manda, não há grande volta a
dar. Não escolhemos a dedo porque as coisas não funcionam assim. Há as pessoas
e aquilo que as pessoas são para nós. Algumas entranham-se sem razão aparente.
Ela era para ele uma dessas pessoas.
-No
meio de tantas raparigas: mais bonitas, mais inteligentes, mais certas para ti.
Porquê eu?
Porquê
ela?
-Conheces
tão pouco de mim.
Às
vezes o pouco parece tanto. Às vezes basta um sorriso a meio de uma conversa.
Basta uma palavra bem empregue a meio de uma frase. Basta o click no
interruptor. Às vezes, se nos deixarmos perder no momento, um rio pode parecer
um mar, uma praia um deserto e uma estrada pode parecer infinita. Há coisas que
não têm uma explicação lógica – ou não precisam de uma explicação lógica. Esta
era uma dessas coisas. Este era um desses enigmas do coração. No meio de
milhares de pessoas, de centenas de amigos, conhecidos e simpatizantes havia
ela. A mais improvável das soluções. A mais improvável, mas não a menos certa.
-Que
queres que te diga? Que o mundo à minha volta se dissolve quando falo contigo?
Que dou por mim a olhar para as tuas fotografias e a imaginar-me ao teu lado?
Queres que diga que o meu corpo se contrai quando não estou contigo? Ou que
sempre que estou contigo rezo para que o tempo pare?
-Mas
como me encontraste no meio da multidão?
-Não
sei se já te disse: aos meus olhos tens a tendência teimosa de te
destacares, estejas tu onde estiveres.
-Sou
assim tão especial?
-Para
mim és especial e isso deve contar para alguma coisa, não?
-E
se eu não gostasse de ti como gostas de mim?
-É
esse o caso?
-Não,
mas podia ser.
-Se isso
acontecesse teria duas opções: ou ficava no meu canto a lamber as feridas, ou
continuava a lutar. Acho que é assim que se descobrem os grandes amores: quando
a vontade de lutar por alguém se contrapõe ao dramatismo da rejeição.
-E
se mesmo assim não fosse suficiente lutar? Ou melhor: quando devemos parar de
lutar?
-Pela
pessoa certa? Nunca.
-Como
sabes que eu sou a pessoa certa?
-Não
sei, mas eventualmente hei-de saber. A vida é como um puzzle com milhões de
peças. E neste puzzle, como em todos os outros, apenas as peças certas encaixam
umas nas outras.
-É
verdade.
PedRodrigues
Escreves tão, mas tão, bem...completamente rendida às tuas palavras :)
ResponderEliminarParabéns pelo teu trabalho e continua a fazer-nos sonhar com os teus textos!
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