O sabor a menta fresca do teu
beijo ainda me consome. Lá fora o sol brilha. Olho as pessoas na rua, pela
janela. Às vezes passam casais de mãos dadas. Lembro-me de ti. Recordo-te a
sorrires para mim. A dizeres-me aquelas coisas bonitas que eu adorava ouvir.
Lembro-me de ti. Uma lágrima. Esses dias parecem-me tão distantes. Onde estás?
Olho para o telemóvel. Nada. Nem uma mensagem, nem uma chamada perdida. Abro o
computador. Procuro as tuas fotos. As nossas fotos. Outra lágrima. Sabes como
era feliz? Muito feliz. Demasiado feliz, até. Talvez por isso me tenha dado ao
luxo de errar. Perdi-me no meio de tanta felicidade. Acabei por me distrair.
Perdoa-me. Por favor, perdoa-me. Fui uma parva. Sou uma parva. Mas amo-te.
Foste, és e continuarás a ser a melhor parte da minha vida. Passámos por tanto.
Sempre foste o meu companheiro neste campo de batalha. Sempre estiveste ao meu
lado nos dias menos bons. Sempre tiveste um abraço guardado para mim quando
tudo o que precisava era isso mesmo. Era no teu sorriso que me perdia. Hoje
estou perdida à procura desse sorriso. Sinto-me à deriva. Amo-te, juro que te
amo. Sei que te deve custar acreditar nisto, mas amo-te. Lá fora o sol brilha,
cá dentro eu vou-me eclipsando. As nossas fotografias são o que me resta. Isso
e os cenários que vou reconstruindo com a minha memória. Mas isso não me chega.
Nada disso me chega. Um dia tive tudo. Hoje não tenho nada. Percebes?
Começa a cair a noite. Tenho
novamente a idade que tinha quando te conheci. Tenho novamente a idade do nosso
primeiro beijo. Lembras-te? Desde esse momento até agora o mundo deu algumas
voltas. Sentiste o mundo a girar sobre nós? Ainda sinto o teu perfume nas
minhas roupas – ou imagino o teu perfume nas minhas roupas. O sabor a menta
fresca do teu beijo ainda me consome. As lágrimas foram inventadas para serem
choradas, disseram-me uma vez. Então eu choro-as todas por ti. Choro um mar. Invento
ondas. Invento cores quentes e cores frias. Reinvento o mundo, as palavras, os
desejos, as crenças, os ideais. Reinvento tudo, se for preciso. Reinvento tudo
para te ter novamente comigo.
Acabei de me deitar. Há um vazio
ao meu lado com os contornos do teu corpo. Meti duas almofadas na cama para o
caso de apareceres sem avisar. Não, não é um delírio. É uma mensagem de
esperança. Espero que apareças e me digas que me amas, baixinho. Sussurra para
que mais ninguém oiça. Só eu e tu: parceiros de crimes de cabeceira, amantes
condenados a um amor quase épico. Só eu e tu. Volta para mim.
Os meus dias são assim: vinte e
quatro horas de ti. Vinte e quatro horas na esperança de ti. Já te disse, mas
repito: perdoa-me. Errei, eu sei. É difícil – acredita, eu sei. Mas ninguém nos
disse que as relações são fáceis. Ninguém nos disse que a vida é bela como no
cinema. Não haveria a bonança sem a tempestade. Nem a alegria sem a tristeza.
Esta é a minha mensagem de esperança. O sabor a menta fresca do teu beijo ainda
se passeia pela minha boca. Volta. Diz que me amas. Vamos começar tudo de novo.
O mundo é nosso. Não desistas de mim. Eu nunca desistirei de ti.
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