Comecei, no dia um de Agosto, a escrever o meu segundo romance. Sou sempre um pouco céptico em relação ao que escrevo. Não é fácil meter no papel aquilo que trazemos por dentro. Não é fácil metermos as tripas de fora. Mas é necessário.
Aqui vos deixo um pequeno excerto. É assim que tudo começa.
Ali, o mar. Ali, o horizonte.
Ali, as incertezas de uma vida que ninguém conhece, ninguém vê. O mar liga
terras que não conhecemos, com pessoas que não conhecemos, com vidas que não
conhecemos. O mar liga-nos.
As histórias começam onde as
pessoas acabam. Há gente que acontece para lá daqui. Se gritar, mesmo que grite
com todas as minhas forças, do outro lado do mundo ninguém me ouvirá. Sou
demasiado pequeno para um mundo tão grande. As histórias são inventadas para
serem passadas de boca em boca. Se tiver sorte, a minha história chegará ao
outro lado do mundo. Os homens são demasiado pequenos para este mundo tão
grande. Mas, de quando em vez, há homens que crescem e se multiplicam por todo
o lado. Vão crescendo de boca em boca. O sonho dos homens é esse: serem
gigantes.
Esta é uma história sobre
pessoas e ideais. Uma história sobre concretos e abstractos.
Tudo se passa numa pequena
vila, junto ao mar, na margem sul de um rio que a separa de uma cidade média.
Entre as duas margens há uma ponte. Há quem a atravesse para ir trabalhar, há
quem a atravesse para regressar a casa. Esta é uma história de partidas e
regressos.
PedRodrigues
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