Ver a tua imagem e adivinhar-te.
Adivinhar a textura da tua pele, o cheiro do teu regaço, o ritmo das palavras
saídas da tua boca. Ver-te e adivinhar-te. Passar as tuas fotografias a pente
fino: há imagens que falam connosco; há imagens que falam connosco e nos
mentem. A tua imagem não. Olho-a e imagino-te de cabeça deitada sobre o meu
peito. Imagino-te escrita e desenhada pelas minhas palavras. És linda. És os
filmes que invento quando oiço as minhas músicas favoritas. Vejo-te e
adivinho-te a passeares descalça pela casa. Imagino-te a sorrir com as minhas
expressões estúpidas. Talvez sejam as tuas gargalhadas que me perseguem quando
sussurro palermices às paredes. São os teus passos que demoram quando me deito
sozinho a contemplar o branco hipnótico do tecto. És tu. Adoro inventar-te de
mão dada comigo numa tarde de Primavera. Pudesse eu reinventar o tempo de tudo.
Pudesse eu apressar a eternidade dos dias. Às vezes o tempo tem o orgulho
sádico de nos separar. Mas o tempo é só tempo e acabará por passar. Aqui deste
lado eu espero por ti: a adivinhar-te. És o conforto que vai restando neste
Inverno garrido que acontece lá fora. É a tua imagem que vai falando comigo nos
momentos em que a solidão teima em mostrar a cara. Devolveste-me o sorriso e,
talvez por isso, sinta que já fazes parte de mim. Não muito, não pouco, mas o
suficiente. E é vendo-te e adivinhando-te na dose certa que vou encarando os
dias com esta felicidade inocente.
Ver-te e adivinhar-te
Feita de mim
No meu sangue
O teu sangue
Ver-te e imaginar-te
Amando-me
A amar-te
Eu e tu
Juntos
Um dia
Por favor, não demores.
PedRodrigues
Fabuloso...
ResponderEliminarTens o dom de colocar em palavras todos os sentimentos que, neste momento, me correm nas veias...