Somos
aquilo que o mundo convencionou como um final feliz. Somos a primeira pessoa do
plural. Amamo-nos na bonança e não deixamos de nos amar na tempestade. Quando
não estamos juntos, temos saudades. Tentamos diminuir a distância a todo o
custo: conversamos horas ao telemóvel, trocamos fotos dos nossos dias, abusamos
dos beijos virtuais e das juras de amor. Quando estamos juntos o mundo parece
diluir-se à nossa volta. Somos felizes, porque a felicidade deve ser este
sentimento de parecermos indestrutíveis, à prova de bala, de tempestade e de tudo.
Ser feliz deve ser esta coisa de nos rirmos com o corpo todo. Deve ser o
sorriso dela e o meu sorriso, ambos, misturados. Deve ser este gosto pelas
pequenas coisas, pelos pequenos gestos, por tudo aquilo que parece trivial e
banal e mundano. Deve ser
-Eu
amo-te – estas palavras ditas com sinceridade e recebidas com sinceridade.
Porque a felicidade é um sentimento sincero. É uma condição de ser e de estar
sincero. É dizer
-És
linda. – sem a necessidade de ouvir algo de volta. É saber que somos porque há
palavras no silêncio. Saber partilhar o silêncio e saber conversar no silêncio.
Amar de olhares fundidos num só. Aprender todos os dias, ou melhor: querer
aprender todos os dias: cada expressão, cada gesto, cada palavra. Porque o amor
obriga-nos a querer aprender com a pessoa amada.
-Achas
que temos o que é preciso para sermos felizes?
(Silêncio)
-Tu
és o que preciso para ser feliz.
(Sorriso)
-E
quem me garante que amanhã não mudas de ideias? Quem me garante que daqui a
alguns anos não sou o teu passado?
-Quem
te garante que daqui a alguns anos não és o grande amor da minha vida?
São
estas dúvidas que nos fazem continuar. São estas dúvidas que nos fazem querer
acordar todos os dias ao lado um do outro e dizer baixinho
-Continuas
a ser o amor da minha vida. – dizermos isto com a certeza absoluta de que
as coisas são mesmo assim e que o contrário seria impossível. Porque na
realidade ainda há finais felizes.
-Acreditas
em finais felizes?
-Acredito.
E tu?
-Digo-te
e repito-te: és o meu final feliz.
Há
finais felizes nos filmes, nos livros, nas músicas. Há aqueles que defendem que
não há finais felizes porque entendem a expressão como uma contradição. Há os
céticos, os snobes do amor, os filósofos das relações. Há toda uma cambada de
artistas que nos fazem duvidar. É normal. Mas eu continuo o tolo que acredita
em finais felizes. Ela fez-me acreditar nisso. Ela fez-me acreditar que, a cada
entretanto que passamos juntos, vivemos um final feliz. E todos os dias lhe
agradeço por isso.
PedRodrigues
apaixonante!
ResponderEliminarFantástico! Quero um homem como tu para meu companheiro de vida... Acho que é o que todas as mulheres querem, um homem sensível e que não tem medo de demonstrar e dizer aquilo que sente. És apaixonante, diria...
ResponderEliminarTudo o que escreves é como se fosse um pedaço de cada leitor. Revejo-me um pouco em todos os teus textos. Continua assim.
Que a tua inspiração nunca acabe!
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