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sábado, 22 de novembro de 2014

Fotografias


Encontrei há pouco algumas fotografias antigas. Fico sempre com um travo a tristeza quando vejo imagens de outros tempos, outras idades. Desta vez, entre tantas outras, a que mais me marcou foi uma em que o meu avô está comigo ao colo, era eu um bebé com menos de um ano de idade. Espantou-me, particularmente, a força e a vitalidade do meu avô naquela foto. Os braços fortes, o cabelo ainda grisalho. As histórias que sempre ouvi não fazem justiça ao homem que era e que aquela foto tão bem retrata. Outrora o meu avô “virava o mar do avesso”, como ele próprio me diz. Apercebi-me, naquele momento, da inevitabilidade do tempo. Do instante daquela fotografia até hoje, passaram vinte e sete anos. Hoje, aqui estamos, eu e ele, lado a lado. Eu, um jovem adulto, ele, o resto que sobrou do homem que um dia foi – é bastante, acreditem. Há quem olhe as fotografias de sorriso no rosto, recordando momentos do passado. Para mim, estas fotografias são uma afirmação do presente e um alerta do futuro. Assustam-me. Um dia, o meu avô já não estará comigo. Ficarão as fotografias, mas ele não. É esse dia que temo. O tempo é um monstro que nos devora. Um dia seremos apenas o pó que sobrou desta luta, desta vida. Um dia seremos apenas fotografias: recordações de um passado que passou por nós a correr.

Somos instantes. Aproveitemos.

 

PedRodrigues

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