Encontrei há pouco algumas
fotografias antigas. Fico sempre com um travo a tristeza quando vejo imagens de
outros tempos, outras idades. Desta vez, entre tantas outras, a que mais me
marcou foi uma em que o meu avô está comigo ao colo, era eu um bebé com menos
de um ano de idade. Espantou-me, particularmente, a força e a vitalidade do
meu avô naquela foto. Os braços fortes, o cabelo ainda grisalho. As histórias
que sempre ouvi não fazem justiça ao homem que era e que aquela foto tão bem
retrata. Outrora o meu avô “virava o mar do avesso”, como ele próprio me diz.
Apercebi-me, naquele momento, da inevitabilidade do tempo. Do instante daquela
fotografia até hoje, passaram vinte e sete anos. Hoje, aqui estamos, eu e ele,
lado a lado. Eu, um jovem adulto, ele, o resto que sobrou do homem que um dia
foi – é bastante, acreditem. Há quem olhe as fotografias de sorriso no rosto,
recordando momentos do passado. Para mim, estas fotografias são uma afirmação
do presente e um alerta do futuro. Assustam-me. Um dia, o meu avô já não estará
comigo. Ficarão as fotografias, mas ele não. É esse dia que temo. O tempo é um
monstro que nos devora. Um dia seremos apenas o pó que sobrou desta luta, desta
vida. Um dia seremos apenas fotografias: recordações de um passado que passou
por nós a correr.
Somos instantes. Aproveitemos.
PedRodrigues
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